Artigo sobre a "Geração de 1914" na revista Newsweek, 18 de Dezembro de 1995, p. 59 - INDICETJ.COM Escandalo sobre Testemunhas de Jeova

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Artigo sobre a "Geração de 1914" na revista Newsweek, 18 de Dezembro de 1995, p. 59
TESTEMUNHAS DE JEOVÁ DECIDEM QUE O FIM É FLUIDO
Kenneth L. Woodward

O Terceiro Milênio está a apenas quatro anos de distância e seria de esperar que as Testemunhas de Jeová estivessem em êxtase. Desde o princípio do seu movimento, na década de 1870, as Testemunhas têm insistido que o mundo tal como o conhecemos está prestes a acabar. Segundo os cálculos bíblicos que lhes são únicos, a contagem decrescente para o Armagedom começou em 1914 -- a primeira guerra mundial foi um sinal importante -- e Cristo estabeleceria o seu reino milenar na terra "antes que passe a geração que viu os acontecimentos de 1914". Para incontáveis Testemunhas, esta predição era uma boa razão para não poupar dinheiro, nem começar uma carreira ou fazer planos para o seu enterro. Conforme a pregação famosa que um dos seus líderes fez em 1918: "Milhões que agora vivem jamais morrerão".

Parece que agora desistiram de todos os seus palpites sobre o milênio. Na edição do mês passado da revista The Watchtower [A Sentinela], os líderes da seita reconheceram disfarçadamente que Jesus é que tinha razão quando disse que "ninguém sabe o dia nem a hora". A revista agora deixa subentendido que todas as referências anteriores a tabelas cronológicas para o Armagedom eram especulação e não doutrina fundamentada. O ano 1914 ainda marca o início dos últimos dias. Mas aqueles que esperavam testemunhar a batalha do Armagedom e o estabelecimento do reino de Deus na terra terão de esperar. De agora em diante, qualquer geração que sofra calamidades como a guerra e pragas como a SIDA pode ser aquela que presenciará os tempos do fim. Resumindo, o crescente número de Testemunhas da classe média fariam bem em arranjar um seguro de vida.

Se por um lado esta revisão das expectativas suaviza o perfil apocalíptico das Testemunhas, por outro lado permite-lhes ganhar tempo. A geração que estava viva em 1914 está a desaparecer rapidamente, e os líderes atuais da seita mostram todos os sinais de se estarem a preparar para uma longa caminhada. Em anos recentes as Testemunhas têm gasto muito dinheiro na aquisição de edifícios: terminaram muito recentemente um centro educacional de 670 acres na área rural de Nova Iorque que inclui 624 apartamentos, garagens para um máximo de 800 carros e infra-estruturas para refeitórios que têm a capacidade para acomodar 1.600 pessoas num só local. Representantes oficiais da Watchtower Bible and Tract Society (o título oficial das Testemunhas) negam que a liderança tenha sentido uma pressão das novas gerações para mudar. "O fim ainda está próximo", disse o porta-voz das Testemunhas, Bob Pevy. "Nós é que não podemos pôr números nas palavras de Jesus..."

Até agora, a nova interpretação não causou nenhum declínio no número de membros entre os 5,1 milhões de Testemunhas por toda a terra. Mas eles raramente discutem as suas diferenças [internas] com pessoas de fora. "A crença de que o fim era iminente dava uma urgência especial às Testemunhas de Jeová", diz Ray Franz, ex-membro do corpo governante da sociedade em Brooklyn, Nova Iorque, mas que saiu da igreja em 1981. Especialmente os membros mais velhos, arriscaram heroicamente as suas vidas e reputações ao recusarem transfusões de sangue, serviço militar, saudação à bandeira e outros atos proibidos pela sua fé -- todos com a expectativa de que viveriam em breve para sempre no paraíso do novo reino de Deus na terra. Charles Kris, 73, um mecânico reformado de Saginaw, Michigan, serviu três anos na prisão junto com outras 400 Testemunhas por se ter recusado a combater na 2.ª Guerra Mundial. "Era uma vida de prisioneiro, mas eu aproveitei o tempo para estudar a Bíblia e testemunhar a outros prisioneiros", recorda ele. Mas para Kris e especialmente para aquelas Testemunhas mais novas que não se lembram dos dias difíceis do passado (os Nazis meteram muitas Testemunhas em campos de concentração), pregar a mensagem de Deus é mais importante do que presenciar o fim do mundo. "Eu gostava de viver para ver isso acontecer", diz Kris, que ainda distribui tratados de porta em porta. "Mas se não acontecer durante a minha vida, não ficarei desapontado."

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