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CARGOS MILITARES E POLÍTICOS: O CONCEITO DA BÍBLIA

Todos os grifos, negritos e itálicos em citações de fontes que não sejam deste mesmo Site foram acrescentados pelo autor deste artigo.


Acredito que quase todos os que lêem os artigos escritos neste Site têm um grau razoável de conhecimento das doutrinas das Testemunhas de Jeová. Um de seus ensinos que ao longo do tempo têm causado sérios problemas aos adeptos é o da assim chamada "Neutralidade Cristã" – regra que impede que Testemunhas de Jeová participem em eleições e governos políticos, trabalho nas forças armadas, saudação à bandeira, etc... Não pretendo fazer deste artigo uma base de consulta desta doutrina, de forma que vou colocar apenas duas citações retiradas de literaturas da Torre de Vigia, que representam bem seu modo de pensar a respeito do assunto:

*** kl 123-4 13 Por Que Viver Segundo a Vontade de Deus Resulta em Felicidade ***
Quem deseja agradar a Jeová e receber as bênçãos do Reino não pratica nenhuma forma de idolatria. A Bíblia mostra que é errado fazer e adorar imagens, mesmo as de Cristo ou da mãe de Jesus, Maria. (Êxodo 20:4, 5; 1 João 5:21) Portanto, os cristãos verdadeiros não veneram ícones, cruzes e imagens. Também não praticam formas mais sutis de idolatria, como prestar devoção a bandeiras e cantar hinos que glorificam nações. Quando pressionados a realizar esses atos, eles lembram as palavras de Jesus a Satanás: "É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado." (Mateus 4:8-10) Jesus disse que seus seguidores "não fazem parte do mundo". (João 17:14) Isso significa ser neutro em assuntos políticos e viver em prol da paz, em harmonia com Isaías 2:4, que diz: "Ele [Jeová Deus] certamente fará julgamento entre as nações e resolverá as questões com respeito a muitos povos. E terão de forjar das suas espadas relhas de arado, e das suas lanças, podadeiras. Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra."

*** jv 673-4 29 "Pessoas Odiadas Por Todas as Nações" ***
Em alguns países, votar em eleições políticas é obrigatório. Deixar de votar é punível com multa, prisão, ou algo pior. Mas as Testemunhas de Jeová apóiam o Reino messiânico de Deus, que, como disse Jesus, "não faz parte deste mundo". Por conseguinte, elas não participam nos assuntos políticos das nações deste mundo. (João 18:36) A decisão é pessoal; elas não impõem seus conceitos a outros. [comentário pessoal, não parte do texto original: "decisão pessoal" e "não impor" são uma falsidade ideológica. Se alguém desobedece estas leis das Testemunhas, é sumariamente desassociado e proibido às outras Testemunhas até mesmo de cumprimentar tal dissidente]. Nos lugares em que não existe tolerância religiosa, algumas autoridades governamentais têm aproveitado o não-envolvimento das Testemunhas como desculpa para perseguição cruel. Durante a era do nazismo, por exemplo, isso foi feito em países sob controle nazista. Tem sido assim também em Cuba. Contudo, em muitos países as autoridades têm sido mais tolerantes.

Mas será realmente este o conceito expresso na Bíblia, através do exemplo que muitos personagens deixaram como modelo a ser seguido? Analisemos alguns deles:

José:
Um adorador do Deus verdadeiro; foi vendido como escravo aos egípcios, e por meios divinos tornou-se um governante político de uma nação que não adorava o Deus verdadeiro, estando em poder abaixo apenas do Faraó. Note o relato a seguir:

*** it-2 598 José ***
Faraó reconheceu em José, de 30 anos de idade, o homem suficientemente sábio para administrar os assuntos durante o tempo de fartura e o tempo de fome. Portanto, José foi constituído em segundo governante do Egito, dando-lhe Faraó seu próprio anel de sinete, finas roupas de linho e um colar de ouro. (Gên 41:37-44, 46; compare isso com Sal 105:17, 20-22.)

A continuação do relato, bem como os acontecimentos subseqüentes da vida de José descritos na Bíblia mostram que mesmo sendo um governante político num país onde se a religião oficial não era a mesma de José, ele não perdeu o favor divino. Na realidade, nem sequer uma palavra de condenação foi proferida por Deus ou por seu pai Jacó, outro resoluto seguidor do Deus verdadeiro. Agora raciocine: se o envolvimento na política fosse realmente contrário aos mandamentos divinos, não teria o próprio Deus alertado a José, talvez através de um sonho, quando tal cargo lhe foi oferecido? Ou mesmo, poderia o pai de José o ter alertado de seu erro quando voltou a encontrá-lo. Mas não ocorreu assim! Antes, toda a família de José veio morar no Egito e desfrutar de suas influências qual governante político. Não é este um exemplo bíblico a ser levado em consideração?

Daniel:
Outro adorador do Deus verdadeiro, que foi levado cativo à Babilônia e treinado para servir na corte real. Que ele evitava quaisquer atitudes que pudessem desagradar a Deus fica evidente por seu comportamento com relação aos alimentos que lhe foram oferecidos em Babilônia: rejeitou a todos, para evitar que viesse a ferir o mandamento dos "alimentos impuros", mesmo colocando sua vida em risco. No entanto, algo mudou radicalmente seu destino de cativo: a interpretação de um sonho de Nabucodonosor lhe rendeu o cargo de "governante de todo o distrito jurisdicional de Babilônia e prefeito supremo sobre todos os sábios de Babilônia" (Da 2:48). Ou seja, Daniel recebeu e aceitou um cargo político, sem questionar ou objetar, e tampouco foi condenado por Deus por tê-lo feito. E terminou seus dias na terra como governante político, em desacordo com os ensinos atuais das Testemunhas de Jeová. Não é este um exemplo bíblico a ser levado em consideração?

Nicodemos:
*** it-3 85 Nicodemos ***
Fariseu e instrutor de Israel, governante dos judeus (isto é, membro do Sinédrio), mencionado somente no Evangelho de João. Nicodemos ficou impressionado com os sinais que Jesus realizara em Jerusalém na época da Páscoa de 30 EC. Assim, ele visitou Jesus certa noite e confessou que Jesus vinha da parte de Deus. (Provavelmente por medo dos judeus, preferiu a cobertura da escuridão para esta primeira visita.) Foi a Nicodemos que Jesus falou sobre "nascer de novo", a fim de ver o Reino de Deus, sobre nenhum homem ter ascendido ao céu, sobre o amor de Deus conforme demonstrado por ele enviar o Filho à terra, e sobre a necessidade de se exercer fé. — Jo 2:23; 3:1-21.

Depois da morte de Jesus, Nicodemos acompanhou José de Arimatéia, aquele discípulo temeroso, trazendo um pesado rolo de mirra e aloés (c. 100 libras romanas [33 kg]), uma oferta cara, para a preparação do corpo de Jesus para o sepultamento. (Jo 19:38-40)

Segundo esta descrição da própria Torre de Vigia, e também a da Bíblia, ao conversar com Nicodemos Jesus não apontou sua posição política como condenável, o que certamente teria feito se isto fosse algo realmente impróprio para os seguidores de Cristo. Nem tampouco existe evidência bíblica de que Nicodemos tenha abandonado sua posição política por causa de suas convicções religiosas. Naturalmente, se a questão tivesse a dimensão titânica colocada pela Torre de Vigia, os escritores bíblicos fariam questão de incluir em seus relatos um esclarecimento da posição adotada por Nicodemos após a morte de Cristo. Mas não o fizeram! Não é este um exemplo bíblico a ser levado em consideração?

Cornélio:

Outro caso citado no Novo Testamento. Note a descrição deste homem que se tornou cristão, dada pela própria Torre de Vigia:

*** it-1 567 Cornélio ***

Oficial do exército (centurião, Al) no comando de 100 soldados do destacamento italiano. (Veja OFICIAL DO EXÉRCITO.) Lotado em Cesaréia, ele tinha a sua própria casa. Seu nome romano sugere que talvez tenha pertencido a uma família nobre na cidade imperial. Era "homem devoto", que "fazia muitas dádivas de misericórdia ao povo e fazia continuamente súplica a Deus", "homem justo e temente a Deus, de boa reputação da parte de toda a nação dos judeus". Foi a este homem que apareceu em visão um anjo, no outono setentrional de 36 EC, dizendo: "Tuas orações e dádivas de misericórdia têm ascendido como memória perante Deus." O anjo disse também a Cornélio que mandasse alguém a Jope para buscar Pedro. — At 10:1-22.

Quando Pedro chegou, Cornélio, na presença de "seus parentes e amigos íntimos", disse ao apóstolo: "Estamos aqui todos presentes perante Deus para ouvir todas as coisas que foste mandado dizer por Jeová." (At 10:24, 33) "Enquanto Pedro ainda falava . . . caiu o espírito santo sobre todos os que ouviam a palavra." Assim, os deste grupo do qual Cornélio é mencionado como o mais notável, tornaram-se os primeiros gentios incircuncisos, ou não-judeus, a receber "a dádiva gratuita do espírito santo". (At 10:44, 45) Seguiu-se imediatamente o batismo em água. Nada mais se sabe sobre a vida e a atividade de Cornélio depois disso.

Aqui temos mais uma incógnita na doutrina da neutralidade, conforme ensinada pelas Testemunhas de Jeová. Cornélio era um chefe militar do exército romano, chefe militar de 100 soldados no exército daquela mesma nação que tanto oprimia os judeus. Interessante que a Torre de Vigia tenta disfarçar este fato dos mais desatentos por dizer que ele era "chefe do destacamento italiano", como se existisse a nação "Itália" naquele tempo. E o relato bíblico nada cita a respeito de uma mudança de trabalho ou abandono das forças militares. Principalmente pelo fato de ele comandar uma guarda romana, certamente se Cornélio tivesse abandonado seu trabalho como centurião, isto seria mencionado no relato bíblico. Mas não o foi. Nem tampouco Pedro o aconselhou que o fizesse. Supor que ele tenha abandonado seu posto militar para se dedicar a outra atividade não passa de uma tentativa de conjecturar sobre o improvável. Não é este um exemplo bíblico a ser levado em consideração no que tange a prestar serviço militar e trabalhar nas forças armadas?

Mas além de todos estes exemplos bíblicos, existe algo mais a considerar. Com respeito ao serviço militar e a participação em guerras, as Testemunhas de Jeová citam o texto de Isaías 2:4. Lá encontramos o seguinte: "E terão de forjar das suas espadas relhas de arado, e das suas lanças, podadeiras. Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra.". É largamente utilizado pela Torre de Vigia o argumento "nem aprenderão mais a guerra" para proibir o serviço militar bem como a participação em guerras.

Interessante que este texto seja aplicado à época em que vivemos, segundo a Torre de Vigia, pois para isto desconsideram a seguinte expressão contida no mesmo Isaías 2:4 – "Não levantará espada nação contra nação". Estas palavras teriam um cumprimento contemporâneo às palavras que determinam o não aprendizado de técnicas militares. Está isto (não se levantar nação contra nação) ocorrendo hoje? Não! Então, o cumprimento das palavras que citam não mais aprender a guerra não podem ter aplicação em nossos dias, obviamente!

Claramente, "não levantar espada nação contra nação" é uma profecia futura, tanto quanto "não mais aprender a guerra". E portanto, a doutrina da neutralidade que coloca muitos jovens incautos na cadeia não tem nenhum ponto de apoio, seja em Isaías 2:4 ou em Miquéias 4:3, que traz essencialmente o mesmo conteúdo.

Conclusão:

Se José (do Egito), Daniel, Nicodemos e Cornélio se envolveram em assuntos políticos e militares, sem no entanto terem perdido o favor de Deus, por que estariam os Cristãos hoje impedidos de fazer o mesmo, desde que o fizessem com bom critério?


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