Cartas de Dissociacao de Cid Miranda - INDICETJ.COM Escandalo sobre Testemunhas de Jeova

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CARTA DE DISSOCIAÇÃO

CID MIRANDA

Para: Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste
Data e Local: Fortaleza, 21 de outubro de 1998


Prezados Irmãos do Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste,


Quando me batizei em abril de 1979, recordo ter ouvido muitas vezes irmãos dizerem que “os homens eram imperfeitos mas que a organização era perfeita”. Acreditei nisso e defendi esta organização na minha medida de fé. Dois anos antes do meu batismo, porém, havia lido alguns livros “apóstatas” e sempre os achava amargos e cheios de ódio. Não gostava e nem gosto deles porque nunca tive dúvidas quanto às verdades bíblicas básicas que eles negam tais como a alma que morre, que Deus não é uma Trindade, não ir à guerra, etc..., embora outras religiões também creiam nestas verdades; os Unitários não crêem na Trindade, os Adventistas não vão à guerra, acreditam no paraíso na terra, etc, os Cristadelfos não vão à guerra, não acreditam no inferno de fogo, nem na Trindade, etc. (Veja "A Sentinela", 15/01/63, pág. 57 aqui) Várias religiões têm as nossas mesmas crenças em coisas que estão claras na Bíblia como o Resgate, a Ressurreição de Cristo, o fim do sistema de coisas, etc. Os motivos que me levam a abandonar, não a Jeová Deus, mas a organização que se auto–glorifica e se auto-recomenda como único canal aprovado por Ele, são:

01. Mat. 24:14 é um texto que várias professas religiões cristãs dizem estar cumprindo ao atingirem e aumentarem até mais do que nós, o seu número de adeptos. A Sociedade faz esta pregação principalmente de “porta em porta” que é uma modalidade”, embora o texto de Atos 20:20 diga em grego (Kat’óikon) “em vossos lares” e não “de casa em casa”, pois Paulo diz: “não me refreei de vos falar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publicamente e em vossos lares”. Este texto deixa claro que há um sentido distributivo e não consecutivo como se fosse “de porta em porta”. Outrossim, ele dá claramente a entender neste texto que primeiro pregava "publicamente" e depois visitava as pessoas "em seus lares". Contudo, não quero aqui tirar o mérito de tal modalidade nem acho que ela não possa existir. O problema é O QUE, além das “Boas Novas” estamos levando; O QUE foi acrescentado ao longo de nossa história. Penso nas centenas de milhares de irmãos que foram e têm sido prejudicados através do que aprendem nas publicações da Sociedade Torre de Vigia, ou a organização (termo que inclusive parece soar muitas vezes como sinônimo de Jeová):

02. O não ao serviço alternativo (agora permitido) que levou a muitos serem presos, torturados, etc e que ainda assim, a Sociedade diz (por eles, é claro) que “estão felizes porque agiram de acordo com suas consciências” mas que de fato agiram conforme a “consciência” da própria Sociedade.

03. Os transplantes de órgão e frações do sangue permitidas e proibidas já por várias vezes, (ver “Visita de Pastoreio”, em anexo) colocando a Sociedade na condição de “culpada de sangue” tanto quanto ela acusa outras religiões.

04. As datas que têm sido marcadas mudando as vidas de muitos e que por tantos anos foram pregadas, divulgadas e fortemente incentivadas como certas.

05. As “comissões judicativas” sem precedentes bíblicos.

06. O processo da “desassociação” e dissociação (palavras e idéias que também se encontram sem precedentes bíblicos), inventados por Frederick Franz, com a aplicação do texto “removei o homem iníquo dentre vós” a todos os que, mesmo que por motivo de consciência, resolvam sair, fazendo com que as TJs sejam a única religião do mundo em que não se possa sair, em nenhum caso, de forma honrosa.

07. O modo desamoroso em que muitos pioneiros especiais, até mesmo os que professam ser ungidos (como conheço casos), são tratados quando não podem mais servir ficando sem aposentadoria, etc, e o duplo critério aos ungidos brasileiros e de outras nações como se fossem “ungidos do 3º mundo e de 3ª categoria” — quando os ungidos da sede em Brooklyn recebem todos os cuidados necessários e amorosos, etc.

08. O ensinamento que nos faz realmente diferentes das outras religiões: 1914 e minha certeza de que em 1914 nada do que é dito cegamente com relação à entronização de Cristo ocorreu, pois há registros de que Charles Taze Russel havia lido escritores mais antigos nos quais baseou todos os seus cálculos (principalmente na Grande pirâmide de Gizé a que ele visitou e estudou, pois ele era um piramidólogo- Veja a foto do túmulo de Russel anexa).

09. Uma das coisas que mais me chocou foi saber que a Sociedade escondeu a questão sobre os duplos critérios aplicados aos irmãos em Malauí e México, questão esta que está muito bem documentada nas cartas da Sociedade em “Crise de Consciência” de Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante. Mentiras? Se fosse assim, acredito que ele estaria preso, pois no EUA difamar ou caluniar alguém daria cadeia, com certeza. No entanto, a Sociedade nada poderá fazer se encontramos sua “assinatura” nestas cartas e o livro se encontra publicado desde 1983 em inglês e em outras línguas.

10. A Sentinela 01/08/82 - pág. 27: "A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia." Compare esta afirmação com João 14:6: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim." Isto me leva a crer o que afirmo no final do ponto 1 sobre a autoridade do “Corpo Governante” (termo sem base bíblica sendo uma única reunião de anciãos registrada em Atos 15:29) como professo instrumento legítimo usado por Jeová Deus.

11. Passei muito tempo me fazendo estas perguntas:

A. Tem Deus uma “organização” na terra – uma do tipo aqui em questão – e que usa um Corpo Governante para dirigi-la? Onde faz a Bíblia tais declarações?

B. Que a esperança celestial não está disponível a toda e qualquer pessoa que a adote, que ela tem sido substituída por uma esperança terrena (desde 1935) e que as palavras de Cristo com relação ao pão e o vinho emblemáticos, “Fazei isto em memória de mim”, não se aplicam a todas as pessoas que depositam fé em seu sacrifício resgatador? Que textos bíblicos fazem tais declarações?

C. Que o “escravo fiel e discreto” é uma “classe” composta só de certos cristãos, que não pode ser aplicado a indivíduos, e que esta opera por meio de um Corpo Governante? Novamente, onde faz a Bíblia tais declarações?

D. Que os cristãos estão divididos em duas classes, com uma relação diferente com Deus e Cristo, com base num destino terreno ou celestial? Onde se diz isto?

E. Que os 144.000 em Revelação devem ser entendidos como um número literal e que a “grande multidão” não se refere, e nem pode se referir, a pessoas que servem nas cortes celestiais de Deus? Em que parte a Bíblia diz isto?

F. Que os “últimos dias” começaram em 1914, e que quando o apóstolo Pedro (em Atos 2:17) falou dos últimos dias como se aplicando de Pentecostes em diante, não queria dizer os mesmos “últimos dias” que Paulo mencionou (em 2 Timóteo 3:1)? Onde?

G. Que o ano civil de 1914 foi o ano em que Cristo foi oficialmente entronizado pela primeira vez como Rei sobre toda a terra e que essa data do calendário marca o início de sua parousia? Onde?

H. Que quando a Bíblia diz em Hebreus 11:16 que homens tais como Abraão, Isaque e Jacó estavam “procurando alcançar um lugar melhor, isto é, um pertencente ao céu”, não há possibilidade alguma disto significar que eles teriam vida celestial? Onde?

Assim, meus irmãos, nenhum único ensino da Sociedade aí considerado pode ser apoiado por qualquer declaração óbvia e direta das Escrituras. Cada um destes exige por sua vez explicações complicadas, combinações complexas de textos e, em alguns casos, o que se poderia considerar como uma ginástica mental, na tentativa para apoiá-lo. Mesmo assim, estes ensinos foram usados para julgar o cristianismo das pessoas, foram apresentados como base para determinar se as pessoas que tem devotado suas vidas no serviço a Deus são apóstatas!

Assim, reafirmando meu amor por todos os meus irmãos, vou orar para que todos vocês façam seu próprio julgamento sobre o que aqui coloco sinceramente. Continuo acreditando e jamais vou deixar de acreditar, em tudo aquilo que a Bíblia diz e não me considero um “apóstata”. Mas, por motivo de consciência, e convicto de que, embora esta organização ensine muitas coisas boas e produza ainda muitas pessoas honestas, (compare com a revista “Veja” 14/10/98 pág. 34, anexo) peço o meu total desligamento e vínculo com a Sociedade Torre de Vigia e despeço-me daqueles com os quais tenho convivido, não porque não mais desejo sua boa associação, mas por saber que não mais me será permitido falar com os mesmos, nem me associar livremente com todos.

Atenciosamente,

Cid de Farias Miranda.



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