CONFRONTO ENTRE MINHA CARTA...
... E A CARTA DE BETEL
Ricardo Guerra, 28 de dezembro de 2010, ricardoguerra06@gmail.com
A seguir, consideremos trechos da resposta de Betel.
Prezado irmão Guerra:
Consideramos com atenção sua carta de 7/11/10, na qual explana sobre os argumentos teocráticos e seculares a respeito do ano 607 AEC.
A data da primeira destruição de Jerusalém, 607 AEC, baseia-se na cronologia das Escrituras Sagradas e não em provas arqueológicas. Independentemente do ano da queda de Jerusalém, os eruditos concordam que Bablilônia caiu em 539 AEC e que os judeus voltaram do cativeiro para pôr fim à desolação da terra de Judá em 537 AEC.
Compare a resposta de Betel com esta parte da carta que enviei:
Mais adiante, no mesmo artigo, encontramos a seguinte informação:
"Os historiadores aceitam que Ciro conquistou Babilônia no outubro de 539 A.E.C. e que o primeiro ano de reinado de Ciro começou na primavera (setentrional) de 538 A.E.C. Se o decreto de Ciro foi emitido mais para o fim de seu primeiro ano de reinado, os judeus podiam ter estado facilmente de volta na sua pátria por volta do sétimo mês (tisri), conforme diz Esdras 3:1; isto seria em outubro de 537 A.E.C."
Novamente, com todo respeito, mas com base nesta informação, não me parece que existe total certeza de que os judeus retornaram a Jerusalém em 537 AEC. O "se" parece indicar uma probabilidade, não uma certeza.
Durante todo esse tempo, adquiri algumas traduções diferentes, entre elas, a Bíblia de Jerusalém. As notas marginais desta Bíblia bem como uma tabela cronológica indicam 538 AEC como o ano do retorno dos Judeus. Refleti muito sobre isso. O apêndice do livro considera a possibilidade de que o decreto de Ciro tenha sido emitido “mais para o fim de seu primeiro ano de reinado”. Mas não deveríamos considerar também a possibilidade de que este decreto tenha sido emitido mais para o começo do seu primeiro ano de reinado? A Bíblia se limita em dizer que Ciro emitiu o decreto no seu primeiro ano, e nada mais. Pensando nisto, imagino que os judeus poderiam muito bem retornar à sua pátria em 537AEC. Mas, visto que o primeiro ano de reinado de Ciro deve ser contado de nisã (março-abril) de 538 à nisã de 537 AEC, a data sugerida pelos historiadores (538 AEC) também seria perfeitamente possível. O fato é que com os dados fornecidos pela Bíblia, não temos condições de estabelecer isso definitivamente. Mas como 537 AEC poderia ser usada como base para se chegar a 607 AEC se não temos certeza quanto à 537 AEC?
Que a data 539 AEC é uma data historicamente comprovada eu nunca tive dúvida. Mas, será que podemos dizer o mesmo sobre 537 AEC para o retorno dos judeus? As perguntas acima foram respondidas?
Jeremias predisse que a terra de Judá seria um "lugar devastado" e que as pessoas teriam de "servir ao rei de Babilônia por setenta anos". (Jer. 25:11,12; 29:10) Décadas depois, ao discernir o "número de anos" que a terra ficaria devastada, Daniel concluiu que seria "setenta anos". (Dan. 9:2) Em 2 Crônicas 36:21, Esdras disse: "Para se cumprir a palavra de Jeová pela boca de Jeremias, até que a terra tivesse saldado seus sábados. Todos os dias que jazia desolada, guardava o sábado, para cumprir setenta anos". (Zac. 1:12) Assim, do ponto de vista bíblico, a data da desolação seria 70 anos inteiros anteriores àquela data, ou 607 AEC. Em vista disso, a questão aqui não é apenas de aceitar algumas provas arqueológicas e se rejeitar outras referentes ao ano da destruição de Jerusalém. A questão aqui é de se aceitar o que a Bíblia afirma com tanta clareza mesmo que haja uma divergência entre a Bíblia e a arqueologia.
Compare com esta parte de minha carta:
Em relação à destruição de Jerusalém pelos Babilônios, o livro fazia menção da profecia de Jeremias e de outros textos que mencionavam os 70 anos (por exemplo: Jeremias 25:11, 2 Crônicas 36:20, 21 e Daniel 9:2), e estabelecia a data 539 AEC como "data fundamental". Na sequência, estabelecia 537 AEC como o ano do retorno dos Judeus à Jerusalém no sétimo mês. Com estas informações, era fácil contar setenta anos para trás e chegar a outubro de 607AEC como a data em que a cidade ficara completamente desolada. (2 Reis 25:23-26, Esdras 3:1)
Concorda que basicamente foi repetido na resposta de Betel o que eu já havia mencionado?
Em Jeremias 25:11,12 lemos: "'E toda esta terra terá de tornar-se um lugar devastado, um assombro, e estas nações terão de servir ao rei de Babilônia por setenta anos. E terá de acontecer que, quando tiverem cumprido setenta anos, ajustarei contas com o rei de Babilônia e com aquela nação', é a pronunciação de Jeová, 'pelo seu erro, sim, com toda a terra dos caldeus, e vou fazer dela baldios desolados por tempo indefinido'." A expressão "estas nações" refere-se à terra de Judá e a algumas das nações vizinhas que também foram conquistadas pelos babilônios. Na realidade, o profeta Isaías registrou uma outra declaração contra Tiro, país vizinho de Israel, indicando que seria esquecida por "setenta anos". (Isa. 23:1-18) Tiro também foi uma das nações destacadas por Jeremias para tomar o vinho de furor de Jeová. (Jer. 25:8-17, 22, 27; 27:2-7; 47:2-4) Assim algumas das outras nações também foram devastadas pela campanha de Nabucodonosor. Mas, Jeremias mencionou especificamente a terra de Judá e seus habitantes e que se 'faria deles um assombro'. (Jer. 25:2, 8, 9) Independentemente do tempo que levaria a devastação das outras nações, pela campanha de Nabucodonosor, o ponto aqui é que a terra de Judá deveria "saldar os sábados", e jazer desolada sem ser usada "para cumprir setenta anos", ou dez anos sabáticos. 2 Crô. 36:20, 21.
Compare com esta parte de minha carta:
Foi então que resolvi analisar mais cuidadosamente os textos bíblicos envolvidos e seus respectivos contextos. Começando por analisar Jeremias 25, observei algumas informações que me levaram a questionar se, de fato, a data 607 AEC tinha realmente todo aquele embasamento das escrituras e se a data 587 AEC realmente entrava em contradição com a Bíblia. Percebi o seguinte em relação a Jeremias 25:11,12:
"11 E toda esta terra terá de tornar-se um lugar devastado, um assombro, e estas nações terão de servir ao rei de Babilônia por setenta anos.”’ 12 “‘E terá de acontecer que, quando tiverem cumprido setenta anos, ajustarei contas com o rei de Babilônia e com aquela nação’, é a pronunciação de Jeová, ‘pelo seu erro, sim, com a terra dos caldeus, e vou fazer dela baldios desolados por tempo indefinido."
Embora eu não tenha todo o conhecimento que os irmãos que elaboraram a cronologia da organização, o que percebo neste texto é que os setenta anos terminariam com a queda de Babilônia, e não com o retorno do exílio. O versículo 11 diz que a terra ficaria desolada, mas não me parece que a desolação seja igualada ao período em que Judá e outras nações serviriam a Babilônia. Minha dúvida maior surgiu quando percebi que o versículo 12 diz que ao findar os setenta anos, Jeová ajustaria contas com o rei de Babilônia. E, segundo a própria organização, esse ajuste de contas veio em 539 AEC quando os exércitos de Ciro invadiram Babilônia.
Minha visão estaria embaçada e eu não estaria entendendo o que o texto quer dizer? Faço estas perguntas com toda sinceridade. Se vocês conseguem ver alguma explicação diferente desta, por favor, me mostrem. Comecei a perceber que estes versículos são citados muito vagamente nas publicações do escravo. Normalmente, o argumento fica em torno de 2 Crônicas 36:20, 21. Mas imagino que se o cronista estivesse dizendo que Jerusalém ficou desabitada por um período total de setenta anos, ele estaria contradizendo a Jeremias que coloca o fim dos setenta anos no fim do império babilônico em 539 AEC.
Outro texto usado na argumentação é Daniel 9:2. Daniel parece indicar que a desolação de fato durou setenta anos. Mas, novamente, me sinto inclinado a comparar esse texto com Jeremias, evidentemente, de onde Daniel tirou sua explicação. Já li este texto de Daniel incontáveis vezes, e em uma destas, me lembrei de outro, que a primeira vista pode ser mal interpretado. Trata-se de Êxodo 12:40, 41. A maioria dos leitores imagina que este texto fala que o período da morada dos israelitas no Egito foi de 430 anos, mas uma comparação com Gálatas 3:16,17 indica que esses 430 anos devem ser contados desde o pacto abraâmico até o êxodo, consequentemente até o pacto da lei, uma nota na TNM com referências esclarece isso. Pensando nisto comecei a perceber que a fraseologia de Daniel 9:2 também é ambígua. E esse texto poderia ser entendido de forma diferente. No intuito de harmonizá-lo com as informações em Jeremias 25, imagino que Daniel não poderia igualar a desolação ao período de setenta anos, pois Jeremias diz simplesmente que "estas nações terão de servir ao rei de Babilônia por setenta anos", e não que a terra ficaria desabitada durante esse período. Em determinada parte do apêndice do livro “Venha o Teu Reino” encontramos a seguinte informação:
"Os 70 anos expiraram quando Ciro, o Grande, no seu primeiro ano, libertou os judeus e estes voltaram à sua pátria. (2 Crônicas 36:17-23) Cremos que a leitura mais direta de Jeremias 25:11 e de outros textos é que os 70 anos contam desde quando os babilônios destruíram Jerusalém e deixaram a terra de Judá desolada. — Jeremias 52:12-15, 24-27; 36:29-31."
Com todo respeito que tenho pela organização de Jeová, o que percebo é que a leitura mais direta e natural de Jeremias 25:11, 12 indica que os setenta anos se expiram com a queda de Babilônia em 539 AEC, e não em 537 AEC.
Minhas perguntas em relação ao fim dos setenta anos por ocasião do ajuste de contas, evidentemente em 539 AEC, foram respondidas?
Em relação às ponderações que fez à base do apêndice do livro Venha o Teu Reino, ressaltamos que na página 13 da Babylonian Chronology - 626 B. C. - A. D. 75 (Cronologia Babilônica - 626 a. C. - 75 a. D.), de Richard Parker e Waldo Dubberstein, se encontram as provas baseadas em documentos cuneiformes de que o primeiro ano de Nabonido (Nabunaid) consta como 556 AEC. O historiador judeu, Josefo, que viveu quase cem anos antes de Ptolomeu compor o Cânon, citou o historiador babilônio Beroso [Berose] ao dizer: "Depois de sua morte escolheram de comum acordo para reinar sobre eles a Nabonaid [Nabonido], que era de Babilônia e da mesma raça que ele... No décimo sétimo ano de seu reinado Ciro, Rei da Pérsia, depois de ter conquistado o resto da Ásia, marchou com um grande exército para Babilônia." (Resposta de Flávio Josefo a Ápio, Livro I, VI; História dos Hebreus traduzida por Vicente Pedroso, 1956 Volume IX, p. 49; The Oxford Classical Dictionairy, terceira edição, 1996, páginas 798 e 1273.) O décimo sétimo ano a partir de 556 AEC seria 539 AEC como a data da queda de Babilônia. - Veja "O Testemunho da Crônica de Nabonido", na revista A Sentinela de 15 de novembro de 1971.
Compare com esta parte de minha carta:
Como os historiadores poderiam errar em 20 anos, e ao mesmo tempo ter condições de estabelecer 539AEC (data fundamental para as escrituras hebraicas) como uma data tão exata, como a organização explica?
Embora eu fizesse essa citação, eu não questionei a validade da data 539 AEC, o que eu quis foi chamar a atenção que parece haver um critério duplo, ou seja, aceitamos os registros históricos que apoiam 539 ao passo que rejeitamos os mesmos documentos quando eles apontam para 587 como o décimo oitavo ano de Nabucodonosor e a destruição de Jerusalém. Percebe no parágrafo acima que ao passo que se aceita a informação de Beroso referente a 539 AEC as mesmas informações são rejeitadas quando apontam para 587 AEC?
Com o precedente em mente, é de interesse notar as palavras do Professor Edward F. Campbell Jr., um perito que foi modesto ao ponto de reconhecer que poderia haver uma variação nas datas seculares em questão e que essas não devem ser aceitas como exatas. Por exemplo, ele menciona "várias posições divergentes" das grandes teses de eruditos da "baixa" cronologia. Ele também declara que as listas são "provisórias", ou em outras palavras, "sujeita a mudanças ou a anulação". (Webster's Third New International Dictionary) Assim, o próprio Professor Campbell Jr. reconhece que as datas como um todo não podem ser consideradas absolutas.*
Vale a pena mencionar aqui que os comentários do professor Campbell eram sobre um período de mais de 3.000 anos de história do oriente antigo, não especificamente do período neobabilônico. Ele também não colocou nenhum “cerca de” para nenhuma data do período neobabilônico, embora colocasse a sigla para datas anteriores, ou quando havia ausência de evidências.
Esta citação é tirada de um capítulo escrito por Edward F. Campbell Jr., que apareceu originalmente em A Bíblia e o Antigo Oriente Próximo (sigla em inglês: BANE), uma obra editada por G. Ernest Wright e publicada por Routledge e Kegan Paul, de Londres, em 1961. Entretanto, a Torre de Vigia não mencionou que a tabela referida nesta obra abrange as cronologias do Egito, Palestina, Síria, Ásia Menor, Assíria e Babilônia, desde aproximadamente 3.800 A.E.C. até a morte de Alexandre, o Grande, em 323 A.E.C.. E embora o termo cerca seja colocado antes de muitos dos reinados apresentados nas listas deste longo período, nenhum "cerca de" é colocado antes de qualquer dos reinados alistados para os reis do período neobabilônico! Quando estas questões foram colocadas ao Dr. Campbell, ele escreveu em resposta:
"Conforme talvez já tenha concluído, estou consternado com o uso que a Sociedade Torre de Vigia fez das listas cronológicas de Noel Freedman e minhas. Receio que algumas pessoas extremosas procurarão qualquer insignificância para apoiar suas conclusões preconcebidas. Com toda a certeza este é um caso em que se fez exatamente isso.Deixe-me primeiro explicar que na divisão de responsabilidade pelas tabelas cronológicas no BANE fiquei encarregado da maior parte da cronologia do Oriente Próximo, ficando as datas bíblicas a cargo do Professor David Noel Freedman, agora na Universidade de Michigan. Nós realmente falamos sobre os avisos que colocamos antes de nossas tabelas, mas não houve absolutamente qualquer intenção de sugerir que havia essa defasagem de vinte anos nas datas relacionadas com Babilônia e Judá. Tenho boa dose de certeza de que o Dr. Freedman torna claro em algum lugar na matéria do capítulo do BANE, que a data 587/6 não pode estar errada em mais de um ano, e que a data 597 é uma das pouquíssimas datas seguras em todo o nosso repertório cronológico. Sei que ele continua convencido disto, assim como eu. Que eu saiba, não há a mínima evidência que sequer sugira a possibilidade de as datas na Crônica Babilônica terem sido alteradas por sacerdotes ou reis, por razões piedosas. Estou de pleno acordo com Grayson."
O Dr. Campbell encaminhou as perguntas que lhe foram feitas ao Dr. Freedman, para dar a este uma oportunidade de expressar seus pontos de vista. Freedman teve a dizer o seguinte sobre o assunto:
"... Concordo plenamente com tudo o que o Dr. Campbell lhe escreveu. É verdade que há algumas incertezas sobre a cronologia bíblica para este período, mas essas incertezas provêm da informação confusa e talvez conflitante da Bíblia, e nada têm que ver com a informação e evidência cronológica para o período neobabilônico proveniente de inscrições cuneiformes e outras fontes não bíblicas. Este é um dos períodos mais bem conhecidos do mundo antigo e podemos estar certos de que as datas estão corretas, com margem de erro de um ano ou por volta disso, e muitas das datas são exatas em termos de dia e mês. Não há, portanto, qualquer justificativa para os comentários ou julgamentos feitos pela Sociedade Torre de Vigia com base em uma declaração específica acerca de nossa incerteza. O que eu tinha especificamente em mente era o desacordo entre os eruditos quanto a se a queda de Jerusalém deve ser datada em 587 ou 586. Eruditos eminentes discordam neste ponto e infelizmente não temos a crônica babilônica para esse episódio como temos para a captura de Jerusalém em 597 (essa data está agora fixada com exatidão). Mas esse é só um debate sobre um ano no máximo (587 ou 586), não tendo qualquer relação com as opiniões das Testemunhas de Jeová que aparentemente querem reescrever toda a história da época e mudar drasticamente as datas. Não existe qualquer justificativa para isso.)
Nesse ponto vale a pena ressaltar o caso da profecia dos "sete tempos" de Daniel. Nós nos baseamos nas Escrituras e não nas datas seculares para entender o seu cumprimento. E graças a isso foi possível, com décadas de antecedência, apontar para 1914 como um marco na história.# A World Magazine de Nova York de 30 de agosto de 1914 que registrou o fato atesta isso, assim como muitos outros observadores daquela época até hoje. (Daniel, capítulo 4) Referências a esse ano aparecem mais de 200 vezes desde a primeira revista A Sentinela, em inglês, em julho de 1879, até 1914. Embora não representasse um entendimento completo do cumprimento em todos os detalhes, em última análise, a exatidão no geral é evidente. Isso não teria sido possível se não nos tivéssemos baseado no cronograma da Bíblia.
Compare com esta parte de minha carta:
Também o livro “Proclamadores”, nas páginas 134 e 135, indica que Russell recebeu os cálculos relacionados à 1914 de Nelson Barbour. E Nelson Barbour, por sua vez, de John Brown que era Adventista. Isso também me incomodou um pouco.
Concorda que para todo efeito o que defendemos é uma interpretação adventista do século 19?
Em vista de tudo isso, a questão é: acreditar no registro inspirado da Bíblia, confirmado pelo historiador Josefo do primeiro século, ou aceitar os registros incompletos da história secular sobre o período anterior a 539 AEC. A nossa postura é sempre baseada nas Escrituras, mesmo se ela diferir das interpretações de artefatos arqueológicos feitas por pessoas que não aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus. Nós usamos a história secular apenas como referência.
Será mesmo que podemos chamar de “registros incompletos” as informações contidas no “Canon de Ptolomeu”, que se harmoniza com os dados de “Beroso”? Um detalhe importante é que o Apêndice do “Venha o Teu Reino” não menciona uma “lista de reis” contemporânea do período neobabilônico, não cita uma cópia do período selêucida, que também se harmoniza com os dados de Ptolomeu e Beroso.
Podería-mos chamar de “registros incompletos” as informações contidas na NABON H 1, B também contemporânea que igualmente corrobora com os números de Beroso e Ptolomeu?
Outro detalhe é que outras duas inscrições reais a Nab n° 8 e Nab n° 18s que estabelece respectivamente o reinado de Nabonido astronomicamente e faz uma conexão de 54 anos desde o vigésimo sexto ano de Nabopolassar até o ano de ascensão de Nabonido. E isso também não é mencionado no “Venha o Teu Reino”.
Poderíamos chamar de incompletas a VAT 4956 que contém informação suficiente para estabelecer astronomicamente o trigésimo sétimo ano de Nabucodonosor? Outro detalhe não mencionado no “Venha o Teu Reino” é que embora esse documento seja uma cópia posterior, existe um documento muito mais antigo e contemporâneo que confirma essas informações, trata-se da BM 32312.
Poderíamos chamar de “incompletas” as informações contidas em milhares de tabuinhas comerciais contemporâneas que falam de cada ano, de cada rei do período neobabilônico? Interessante que essas tabuinhas nunca falam de qualquer desses 20 anos que faltam para a cronologia da organização.
Outro detalhe interessante é que o “Venha o Teu Reno’ não menciona que há um sincronismo perfeito entre a cronologia secularmente aceita para o período neobabilônico e a 26° dinastia egípcia. Existem quatro pontos de sincronismo, e três delas são mencionadas na Bíblia. Seria mera coincidência? Vários outros documentos astronômicos foram omitidos do “Venha o Teu
Reino”. Será que deveríamos entender todas estas evidências conjuntas como registros incompletos?
Vale lembrar que nada foi dito para provar de fato que esta cronologia está em conflito com a Bíblia. Se entendemos os “setenta anos” como o período da supremacia babilônica, onde várias nações serviram como vassalos como mostra claramente Jeremias 25:11, 12, e apenas as que não se submeteram ao rei foram destruídas e foram para o cativeiro como mostra Jeremias capítulo 27. Esta cronologia está em plena harmonia com a Bíblia.
Assim, não seria o entendimento da organização que está colocando a Bíblia em dúvida? Se existe uma forma bem natural de conciliar a cronologia bíblica com a secular, isso não faz as informações da Bíblia serem ainda mais dignas de confiança? Que motivo temos para interpretações forçadas que contradizem a história?
Assim, a questão aqui envolvida é uma contradição entre “a História e a Bíblia”, ou entre uma “interpretação que apresenta muitos problemas e a história”?
Cremos que a consideração acima lhe seja de auxílio em reaver a paz mental que o sadio conhecimento da verdade confere aos servos de Jeová Deus. (Fil. 4:7) Receba também nosso amor cristão.
Seus irmãos,
Assoc. das Testemunhas Cristãs de Jeová
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(*) The Bible and the Ancient Near East (A Bíblia e o Oriente Próximo Antigo), editado por G. Ernest Wright, páginas 214 a 219.
(#) Quanto à questão que suscitou sobre o chamado "ano zero" e 1913 EC, vejo o livro Clímax de Revelação, página 105, quadro e nota.
Veja esta parte da carta:
Quando estudamos o livro "Clímax de Revelação" há algum tempo, me deparei com outra informação que me deixou ainda mais intrigado. Um quadro na página 105 traz uma nota dizendo que inicialmente se entendia que a queda de Jerusalém tinha sido em 606 AEC (imagino que automaticamente o retorno dos judeus do exílio fosse colocado em 536 AEC). Explica-se que posteriormente se entendeu que entre AEC e EC não havia ano zero. Foi feito um ajuste e a queda de Jerusalém recuou para 607 AEC.
Mas, a minha pergunta é: não seria o fim dos sete tempos que deveriam ser recuados para 1913 ao invés da data da destruição de Jerusalém para 607 AEC? Por mais que eu tente não consigo ver a lógica desta mudança. Para mudar 606 AEC em função da ausência do ano zero, todas as demais datas anteriores ao ano 1 AEC não deveriam também ser mudadas?
Com essa nota, os irmãos responderam as perguntas que fiz? Ou será que simplesmente falaram para eu olhar a mesma parte da publicação que comentei?
Confrontando minha carta com a resposta de Betel, poderíamos dizer honestamente que minhas perguntas mais relevantes foram realmente respondidas ou mesmo consideradas?
Será que realmente a cronologia secular está em contradição coma Bíblia?
A questão envolvida é realmente aceitar ou não as Escrituras como a resposta de Betel indica?
Além disso, outras partes que comentei mostram que a questão servidão poderia muito bem ser entendida como começando anos antes da destruição de Jerusalém, o que estaria de acordo com as datas secularmente aceitas, como essa parte da carta:
Outra parte no apêndice de “Venha o Teu Reino” diz:
“Embora Beroso afirme que Nabucodonosor levou cativos judaicos no seu ano de ascensão, não há nenhum documento cuneiforme que confirme isso.”
Uma leitura natural de Daniel 1:1,2 não apoiaria esta informação de Beroso? Embora a organização cite Jeremias 52:28-30 em apoio à explicação de que o terceiro ano de Jeoiaquim mencionado por Daniel, seja o terceiro ano como vassalo de Babilônia, o número de exilados mencionados por Jeremias está muito longe do número real mencionado em 2 Reis. Imagino que independente do porque dessa diferença, isso poderia indicar que o fato de Jeremias não mencionar nenhuma deportação no ano de ascensão de Nabucodonosor, não significa que ela não tenha ocorrido. Além disso, o livro "Equipado Para Toda Obra" (publicado pelas Testemunhas de Jeová) nas páginas 225 a 228, parece indicar que a vassalagem de Jeoiaquim, foi transferida do Egito para Babilônia quando Nabucodonosor conquistou o Egito, segundo os historiadores, em 605 AEC. Me parece que Jeremias 46:2 transmite esta mesma ideia. Do mesmo modo, creio que a leitura mais natural de Daniel 2:1 também apoiaria esta visão, pois Daniel não poderia estar em Babilônia no segundo ano de Nabucodonosor se ele tivesse sido levado apenas cinco anos mais tarde, no sétimo ano desse rei. Se existe evidência a favor da leitura natural, porque precisaria de uma forma diferente de contar os anos de reinado de Nabucodonosor somente neste texto como sugere a organização?
Eu poderia acrescentar outros textos que mostram que a servidão pode ser interpretada como começando anos antes da destruição de Jerusalém como:
"Nos seus dias subiu Nabucodonosor, rei de Babilônia, e Jeoiaquim tornou-se assim seu servo por três anos. No entanto, recuou e se rebelou contra ele. 2 E Jeová começou a enviar contra ele guerrilhas de caldeus, e guerrilhas de sírios, e guerrilhas de moabitas, e guerrilhas dos filhos de Amom, e continuou a enviá-las contra Judá para o destruir, segundo a palavra de Jeová, que ele falara por intermédio dos seus servos, os profetas." — 2 Reis 24:1, 2.
Você concorda que independente de que parte do reinado de Jeoiaquim, ele para todo efeito estava "servindo" ao rei de Babilônia, e isso anos antes da destruição de Jerusalém?
Veja esse outro texto:
6 E agora, eu mesmo dei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo; e até mesmo lhe entreguei os animais selváticos do campo para que o servissem. 7 E todas as nações terão de servir mesmo a ele, e a seu filho, e a seu neto, até que venha mesmo o tempo da sua própria terra, e muitas nações e grandes reis terão de explorá-lo como servo.’8 “‘“‘E terá de acontecer que a nação e o reino que não o servirem, sim, a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e aquela que não puser seu pescoço sob o jugo do rei de Babilônia, para tal nação voltarei a minha atenção com a espada, e com a fome, e com a pestilência’, é a pronunciação de Jeová, ‘até que eu tenha dado cabo deles pela sua mão’.9 “‘“‘E quanto a vós, não escuteis os vossos profetas, e os vossos adivinhos, e os vossos sonhadores, e os vossos praticantes da magia, e os vossos feiticeiros, que vos dizem: “Vós não servireis o rei de Babilônia.”10 Pois o que vos profetizam é falsidade, com o fim de que sejais levados para longe do vosso solo; e terei de dispersar-vos e tereis de perecer.11 “‘“‘E quanto à nação que puser seu pescoço sob o jugo do rei de Babilônia e realmente o servir, também eu vou deixá-la descansar sobre o seu solo’, é a pronunciação de Jeová, ‘e ela o cultivará e morará sobre ele’.”’”12 Até mesmo a Zedequias, o rei de Judá, falei segundo todas estas palavras, dizendo: “Trazei vosso pescoço sob o jugo do rei de Babilônia e servi a ele e ao seu povo, e continuai vivendo.13 Por que devias tu mesmo e o teu povo morrer pela espada, pela fome e pela pestilência, segundo o que Jeová falou à nação que não servir o rei de Babilônia?14 E não escuteis as palavras dos profetas que vos dizem: ‘Não servireis o rei de Babilônia’, porque é falsidade o que vos profetizam.15 “‘Pois não os enviei’, é a pronunciação de Jeová, ‘mas estão profetizando falsamente em meu nome, a fim de que eu vos disperse e tenhais de perecer, vós e os profetas que vos profetizam’.” —Jeremias 27:6-15.
Compare com Jeremias capítulo 28 onde um falso profeta indica que o jugo seria removido em dois anos. Evidentemente porque eles já estavam sobre o jugo babilônico.
Novamente a pergunta simples e direta a ser feita aqui é: Jerusalém bem como outras nações estavam ou não servindo ao rei de Babilônia nesse ponto, e isso anos antes da destruição da cidade? A destruição da cidade seria ou não resultado de não continuar "servindo" de maneira submissa ao rei de Babilônia?
Percebe que isso colocaria o início dos 70 anos em algum lugar anos antes da destruição da cidade assim como Jeremias 29:12 coloca o fim da contagem na conquista de Babilônia pelos medos e persas, o que todos, inclusive a organização aceita que foi em 539 AEC?
Lembra também das perguntas feitas na brochura "Trindade", páginas 5 e 6?
É um claramente um ensino bíblico?
Será, então, que as Escrituras Gregas Cristãs (o "Novo Testamento") falam claramente de uma Trindade?
Os cristãos primitivos a ensinavam?
Não acha que essas perguntas devem ser aplicadas a qualquer outro assunto inclusive sobre "cronologia"? Com isso em mente, não deveríamos analisar o que realmente diz de forma clara em Daniel capítulo 4, a saber que a árvore ali mencionada, Nabucodonosor, e qualquer aplicação adicional seria “interpretação”?