Comentários de William Cetnar sobre a "Tradução do Novo Mundo" - INDICETJ.COM Escandalo sobre Testemunhas de Jeova

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COMENTÁRIOS DE WILLIAM CETNAR SOBRE A "TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO"

WILLIAM CETNAR


Estava a ser feito trabalho na New World Translation (Tradução do Novo Mundo) e muito desse trabalho foi completo enquanto eu estava em Betel. A comissão de tradução pediu que os nomes dos tradutores fossem mantidos em segredo, mesmo depois da morte deles (Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], p. 258). Sabendo quem eram os tradutores, pois isto era conhecimento comum em Betel, se eu estivesse na comissão de tradução também queria que o meu nome fosse mantido secreto. A razão para o anonimato dos tradutores era dupla:

(1) as qualificações dos tradutores não podiam ser verificadas e avaliadas, e
(2) não haveria ninguém para assumir a responsabilidade pela tradução.

No entanto, quando perguntaram a Franz num tribunal da Escócia: "Porquê o secretismo?" ele disse: "Porque a comissão de tradução queria ficar anónima e não procurava qualquer glória ou honra na realização de uma tradução, nem queria ter quaisquer nomes ligados a ela." O advogado respondeu: "Escritores de livros e tradutores nem sempre recebem glória e honra pelos seus esforços, ou recebem?" (Pursuer's Proof of Douglas Walsh vs. The Right Honourable James Latham, M.P., P.C., Scottish Court of Sessions, Novembro de 1954, p. 92.)

Não seria da máxima importância conhecer os homens, as suas qualificações e credenciais -- homens a quem confiaríamos as nossas vidas espirituais? Certamente não confiaríamos num cirurgião que se recusasse a dizer o seu nome ou credenciais. Achei interessante que em Betel estes tradutores não tomassem quaisquer precauções para se manterem anónimos. Levantavam-se todos ao mesmo tempo da mesa do refeitório, antes das outras pessoas, e saíam todos juntos na limousine do presidente para Staten Island. Ficavam lá, algumas vezes ausentes de Betel durante várias semanas de cada vez.

Este modo astuto de proceder não é novo na Sociedade. De facto, a Sociedade Torre de Vigia atribui toda a "nova luz" a um corpo anónimo chamado o "restante" (um bode expiatório abstracto). No entanto, ninguém tem uma lista com os nomes do "[escravo] fiel e sábio" ou "restante". Ninguém sabe quem realmente é o "restante". O "restante" também não se reuniu em congresso para tomar uma decisão sobre qualquer política da Sociedade ou "nova luz".

Das minhas observações, N. H. Knorr, F. W. Franz, A. D. Schroeder, G. D. Gangas e M. Henschel encontraram-se nestas sessões de tradução. Excepto o Vice-presidente Franz (cujo treino era limitado), nenhum dos membros da comissão tinha formação ou background adequado para ser tradutor crítico da Bíblia. A habilidade de Franz para fazer um trabalho erudito de tradução do hebraico está sujeita a sérias dúvidas. Isto ficou evidente na Scottish Court of Sessions (Tribunal Escocês de Sessões) em Novembro de 1954. A seguinte troca de perguntas e respostas entre o advogado e Franz consta da transcrição do tribunal:

P. Você também se familiarizou com o hebraico?
R. Sim. ...
P. Portanto você tem um conhecimento linguístico substancial ao seu dispor?
R. Sim, para uso no meu trabalho bíblico.
P. Penso que você consegue ler e seguir a Bíblia em hebraico, grego, latim, espanhol, português, alemão e francês?
R. Sim. [Pursuer's Proof, p. 7]....
P. Você mesmo lê e fala hebraico, certo?
R. Eu não falo hebraico.
P. Não?
R. Não.
P. Consegue, você mesmo, traduzir aquilo para hebraico?
R. O quê?
P. Aquele quarto versículo do segundo capítulo de Génesis?
R. Você quer dizer este?
P. Sim?
R. Não. Eu não tentaria fazer isso [Pursuer's Proof, pp. 102, 103].

O que Franz "não tentaria" traduzir para hebraico era um exercício simples que não apresenta nenhuma dificuldade para um estudante médio de hebraico do primeiro ou do segundo ano do seminário. Esta conclusão foi feita por um professor qualificado de hebraico.

Devido à inadequação dos tradutores, eles não fizeram traduções exactas das línguas originais, mas antes transmitiram aquilo em que as Testemunhas acreditavam. Isto é verificado por muitos peritos bíblicos qualificados, entre eles o Dr. Anthony Hoekema, que comentou:

"... A Tradução do Novo Mundo da Bíblia não é de modo nenhum uma versão objectiva do texto sagrado para o inglês moderno, é antes uma tradução tendenciosa na qual muitos dos peculiares ensinos da Sociedade Torre de Vigia são contrabandeados para dentro do texto da própria Bíblia." [The Four Major Cults (A Quatro Seitas Principais), pp. 238, 239]

Em Março de 1954 fui encarregado de entrevistar o bem conhecido tradutor da Bíblia, Dr. Edgar J. Goodspeed, para obter a avaliação dele sobre o primeiro volume da New World Translation of the Hebrew Sciptures (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Hebraicas). Eu devia tentar que ele recomendasse a tradução. Durante a visita de duas horas com ele, era óbvio que ele conhecia bem o volume, pois conseguia citar os números das páginas onde se encontravam as traduções sobre as quais ele tinha objecções. [...] Quando eu estava de saída, perguntei-lhe se podia recomendar a tradução para o público em geral. Ele respondeu: "Não, sinto muito mas não posso fazer isso. A gramática é lamentável. Tenha cuidado com a gramática. Certifique-se de que corrige isso." [...]

Na sede, os homens do Departamento de Redacção tinham frequentemente diferenças de opinião. Cada um tinha de "camuflar" cuidadosamente as suas opiniões de modo a não perder a posição ou ser considerado um herege. O Presidente Knorr fez uma declaração muito significativa e reveladora em 1952, depois de alguns dos irmãos do Departamento de Redacção terem argumentado sobre um assunto doutrinal. Ele disse: "Irmãos, podem discutir à vontade sobre isso, mas quando isso sair do sexto piso, isso é a verdade." O que ele estava a dizer era que depois de estar impresso (as rotativas estavam no sexto piso), o assunto passava a ser verdade e nós tínhamos de defendê-lo de forma unida.

[Texto de William Cetnar no livro de Edmond C. Gruss We Left Jehovah's Witnesses (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1976), pp. 73-77.]





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