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003 - Um leitor nos escreve de Portugal - Parte 1
C.D., Portugal, 6-7-2000


Leitor: Vi pela primeira vez, e vou voltar para ler com mais atenção, embora seja TJ ativa .... mas penso que não faço nada de mal em saber mais sobre a religião a que pertenço, embora pareça-me que o senhor não concorda com os seus ensinos.

Odracir: Alegra-me que você exerça seu livre arbítrio e busque conhecer melhor a religião com a qual "casou-se". É sempre bom conhecer a "esposa". Se todos fizessem isso, episódios como os de Jonestown, Heaven´s Gate e Uganda - com centenas de mortos - não teriam acontecido.

Seja bem-vindo à minha HP. Estou certo de que se você se dispuser a fazer um exame minucioso e imparcial de meus artigos, acabará por conhecer relevantes aspectos da entidade religiosa a qual abraçou. Naturalmente, isto talvez não leve a um contentamento, pois bem sei o que representa o preço da fé e de anos de vida dedicados a uma causa religiosa. Especialmente diante da possibilidade de termos sido vítimas de engodo. De fato, fui batizado como TJ, sob influência de minha mãe, aos 12 anos de idade, em 1974, e afastei-me da instituição há cerca de 10 anos, sem jamais ter sido desassociado ou dissociado. Simplesmente afastei-me. Como você, dediquei preciosos anos de minha vida à promoção dos ensinos do corpo governante em Brooklyn, sendo que o processo de conscientização sobre o solo que eu pisava foi gradual - fruto de cerca de 14 anos vivenciando o que é ser uma TJ e buscando conhecer as origens do movimento.

Apenas quando me dispus a examinar o passado da organização foi que fiquei realmente decidido a fazer o trabalho que faço hoje, pois estou convicto que quase ninguém entre as fileiras da organização conhece a fundo seja o passado sejam os bastidores da Sociedade Torre de Vigia, o que acontece fora da vista do rebanho. Da mesma forma, estou igualmente convicto que, uma vez confrontada com este conhecimento, não há como a pessoa escapar de um dilema: ou "varrer pra baixo do tapete" tudo  o que sabe, prosseguindo como TJ, por temor mórbido do armagedom e da perda de amigos e parentes ou encarar o fato de que SEGURAMENTE A SOCIEDADE TORRE DE VIGIA NÃO É O QUE AFIRMA SER - o único canal de comunicação entre Deus e a humanidade. Minha opção foi a segunda.

"Pelos seus frutos os reconhecereis", falou Cristo. Assim sendo, caro amigo , convido-o a conhecer o lado da organização que ela jamais lhe mostrou. Esteja certo de que eu não deixaria uma religião se não tivesse motivos sólidos para isso, pois, assim como você, eu busco a Deus (embora isto seja um tanto difícil após uma decepção religiosa) e quero viver. Por outro lado, não promovo nenhuma instituição "a" ou "b" como sendo especial, pois a experiência me tem mostrado que todas elas tem pontos em comum e posso provar que é assim. De modo que não é meu objetivo "convertê-lo" a nenhuma religião, credo ou filosofia. Incentivo-o apenas a buscar o cristianismo, da forma que sua consciência determinar, desde que  COM CONHECIMENTO DE CAUSA. Espero contribuir para este último.

Fique à vontade para pesquisar a veracidade das informações que forneço, procure as literaturas mencionadas ou escreva para Brooklyn. Entretanto, temo que esta última opção o colocaria em apuros..



Leitor: Numa legenda diz "Pirâmide em Rosemont Cemetery" - que cemitério é esse e o que tem a ver com as Testemunhas de Jeová ?

É uma longa história, amigo. E, como outras, faz parte daquilo que o Corpo Governante até o dia de hoje esconde de você e de milhões de TJ pelo mundo afora.

O cemitério Rosemont United fica em Pittsburgh, Pensilvânia-EUA. Lá foi sepultado o pastor Russel, em 1916. Até aí,  nada de especial, se não fosse pelo fato de que até hoje lá se encontra uma prova material do envolvimento da Sociedade Torre de Vigia com ocultismo - um monumento em forma de pirâmide, um símbolo esotérico cultuado por milênios, até os nossos dias por uma infinidade de seitas e filosofias místicas. A piramidologia fez parte dos ensinos da organização até 1928. Isto significa, amigo, que Jesus Cristo - conforme ensina o corpo governante - ao supostamente fazer uma inspeção nas religiões do mundo entre 1914 e 1918, ESCOLHEU (em 1919) UMA RELIGIÃO QUE ENVOLVIDA COM PAGANISMO - como diversas outras - para representá-lo como  seu "Escravo Fiel e Discreto". Uma religião envolvida com piramidologia, astrologia (ensinava que Deus morava em uma estrela chamada "Alcyone", na constelação de Plêiades), símbolos ocultistas como o disco alado egípcio do deus-sol rah, na capa de todos os volumes de Estudos das Escrituras (de autoria de Russel), a "cruz e coroa" e o "elmo" do 33o. grau da Maçonaria, na capa de A Sentinela (até 1931), a celebração de aniversários natalícios e Natal, participante da I Guerra Mundial e cultivadora da figura de seu fundador, como sendo o "servo fiel e prudente" de que fala a bíblia, em Mateus.

Antes que o amigo pense que, com o tempo, a organização foi gradualmente se livrando de tais coisas, não se esqueça do fato de que, ao ser escolhida por Cristo, ela era EXATAMENTE conforme descrevi acima, ou seja, somos obrigados, por essa teoria, a crer que o Senhor Jesus fez "vista grossa" a todas estas contaminações, as quais ainda passaram muitos anos antes de serem modificadas. Ademais, lembre-se que, quando os apóstolos manifestavam conceitos errôneos, eles estavam indagando e não instruindo a outros como o "escravo" de Cristo. Além disso, eles não ensinavam paganismo. A crença astrológica (Plêiades/Alcyone), por exemplo, persistiu por mais de 60 anos entre as TJ, sendo abolida apenas em 1953, mais de 3 décadas após a "escolha" do "Escravo fiel". Ora, se a organização estava repleta de crenças pagãs,  tal qual as outras religiões, por que Jesus Cristo escolheria a ela e somente a ela? O que exatamente a fazia especial? Não havia uma infinidade de igrejas cristãs, igualmente ansiosas por fazer a vontade de Deus e que poderiam também, com o tempo, se livrar de suas crenças pagãs?

Convido você a fazer um "passeio" pelo cemitério de Rosemont , no seguinte endereço (em inglês):


Lá você encontrará:

a) A lápide do pastor Russell - o único elemento mostrado pela Sociedade no livro Proclamadores, pág. 64. Nele, além da identificação, você encontrará a intrigante frase The Laodicean Messenger - O Mensageiro de Laodicéia. Ela faz parte do culto em torno pessoa de Russell como personagem chave no cumprimento de profecias bíblicas em Apocalipse, como sendo o último de uma sequência de 7 mensageiros, entre eles, o apóstolo João, Ário, Waldo, Lutero e outros. É lógico que a Sociedade busca, de todas as formas, negar sua participação em tal culto de personalidade, mas tal culto, DE FATO, FEZ PARTE dos ensinos dos Estudantes da Bíblia, até o segundo presidente, Rutherford, pouco a pouco concentrar todo o poder da organização em sua pessoa. Os artigos do presidente até alguns anos após a morte do pastor, confirmavam a crença tanto na piramidologia quanto no fato de ele (Russell) ser o "servo fiel e prudente". Contudo, aos poucos, a forma individualista e autoritária de agir de Rutherford, desconsiderando inclusive o testamento de Russell, o fez transferir a antiga autoridade do pastor para si próprio. Isto foi, inclusive, causa de um rompimento da entidade em diversas facções, algumas das quais existem até  hoje. Agora vamos a um outro achado interessante, também no cemitério Rosemont:

b) Um monumento de pedra em forma de pirâmide, contendo inscrições em suas faces, entre elas, duas de particular interesse: Risen with Christ - levantado com Cristo (pois era ensinado que Russell tinha subido imediatamente aos céus) -; e a mais importante: Watchtower Bible and Tract Society- Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Assim, vemos que, mesmo que quisesse, o corpo governante NÃO PODERIA NEGAR o envolvimento da Sociedade com piramidologia, já que ALÉM DE SUA PRÓPRIA RAZÃO SOCIAL achar-se registrada na pedra, O JAZIGO TAMBÉM ERA DE PROPRIEDADE DA SOCIEDADE.  Não poderia ser de outro modo, visto que o falecido pastor era o fundador, presidente e acionista majoritário da Sociedade Torre de Vigia, com mais de 90% das ações. Vasculhe toda a literatura da Sociedade, amigo , e você NÃO  encontrará nenhuma foto do monumento. Não acha isso curioso? Por que razão a Sociedade o esconderia de seu rebanho? Convido-o a refletir sobre isto.

O pastor Russell aprendeu piramidologia com um de seus associados mais próximos, George Storrs, um adventista e fundador de outra religião (Life and Advent Union). O livro Proclamadores  fala dele na pág. 46, onde expõe uma foto. Existe, inclusive um artigo, datado de 1876, sobre piramidologia no próprio periódico de Storrs, chamado Bible Examiner, com o qual Russell colaborava. Por sua vez, Russell dedicou TODO o capítulo 10 do 3o.  volume de sua obra Estudos das Escrituras, ao ensino da piramidologia, chegando a chamar a pirâmide de Cheops, no Egito, de TESTEMUNHA DE JEOVÁ. O livro Proclamadores simplesmente não contém UMA SÓ LINHA sobre isso. E não é tudo, pois, o próprio Russell visitou a pirâmide pessoalmente e discursou sobre ela. O famoso "fotodrama da criação" terminava com um diagrama da pirâmide e seu significado profético. O livro Proclamadores glorifica o "fotodrama" sem, no entanto, redigir uma só linha mostrando a ênfase dele em piramidologia. Abra o livro na pág. 56 e você verá vários slides do "fotodrama". O que o leitor menos avisado não sabe é que o slide final continha exatamente um diagrama da pirâmide do Egito, apontando para a trajetória de Cristo, até sua "vinda" em 1914. Por que razão o slide não está lá? A resposta parece óbvia.

O pastor morreu em 1916, ACREDITANDO PIAMENTE EM TAIS COISAS. A Sociedade dedica apenas uma insignificante nota de reconhecimento em um quadro, na pág. 201 do livro Proclamadores, sem dúvida uma exposição bastante "modesta" se levarmos em conta a ênfase em tal tema nos ensinos do suposto "Escravo Fiel", fornecido, desde aquela época, como "alimento espiritual no tempo apropriado". E apenas após as denúncias na rede mundial de computadores. Mais recentemente, diante da avalanche de denúncias, viu-se forçada a abordar novamente o assunto em A Sentinela de 1/1/200, pág. 9 e 10. Contudo, mais uma vez ela revela apenas parte dos fatos, o mínimo indispensável, de modo a poupar sua "pele" das consequências de uma ampla exumação deste tema. Tal qual hoje em dia, caso alguém discordasse, naquele tempo, de tais ensinos absurdos, seria considerado como opondo-se a Cristo e seu "escravo". Amigo, diga-me: ofereceria você ALIMENTO CONTAMINADO A SEUS FILHOS??? Cristo o faria? Já parou para pensar na hipótese de a Sociedade - como no passado - estar ensinado falsidades HOJE, neste exato momento e que só serão reconhecidas anos no futuro, depois de todos os prejuízos? Seguirá você tais ensinos?

Deixo-lhe mais algumas perguntas: DEU-LHE A SOCIEDADE TORRE DE VIGIA A CONHECER MINUCIOSAMENTE ESTE E OUTROS TEMAS ANTES DE VOCÊ DECIDIR-SE PELO BATISMO? Em caso negativo, consideraria você este procedimento como exemplo de transparência e honestidade cristã? Acha mesmo que Deus se utiliza de uma canal assim? Pense.

Atenciosamente,

Odracir

PS: em meus 14 anos de TJ, JAMAIS FIQUEI A PAR destes assuntos e só os vi superficialmente mencionados no livro Proclamadores quando os mesmos já percorriam o mundo através de denúncias na internet. Tais rumores eram considerados como "calúnias de apóstatas". Todavia, os fatos revelam outra realidade.
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