"Mentira é a declaração falsa que alguém faz a outrem que tem o direito de ouvir e conhecer da verdade; tal declaração falsa tem o objetivo de prejudicar a outrem. Qualquer declaração falsa, que é feita com o propósito de enganar e prejudicar a outrem, é mentira deliberada e maligna."
- Riquezas, 1936, p. 170, parágrafo 1 (em português)
"Uma Testemunha de Jeová estava no serviço de porta em porta na Alemanha Oriental quando encontrou um violento opositor. Sabendo de imediato o que esperar, ela trocou sua blusa vermelha por uma verde.... um oficial comunista perguntou-lhe se ela tinha visto uma mulher de blusa vermelha. Não, ela disse, e ele foi embora. Disse ela uma mentira? Não, não disse. Ela não é uma mentirosa. Antes, ela estava usando estratégia teocrática de guerra, ocultando a verdade por atos e palavras pelo bem do ministério."
- A Sentinela de 1/5/1957, p. 285 (em inglês)
"A Palavra de Deus ordena: 'Falai a verdade cada um ao seu próximo.' (Efésios 4: 25) Esta ordem, porém, não significa que devamos dizer a qualquer um que nos perguntar tudo o que ele deseja saber. Temos de dizer a verdade àquele que tem o direitode sabê-la, mas, se alguém não tem o direito a isso, podemos ser evasivos. Porém, não podemos dizer uma falsidade... Há, porém, uma exceção que o cristão precisa ter sempre em mente. Como um soldado de Cristo, ele se encontra numa guerra teocrática e precisa exercer extrema cautela quando lida com os adversários de Deus... para proteger os interesses da causa de Deus, é correto ocultar a verdade dos inimigos de Deus." - A Sentinela de 15/10/1960, pp. 639,640 (em português)
"...isso não significa que uma pessoa está sob obrigação de divulgar informação verídica a quem não de direito... Evidentemente, as ações de Abraão, Isaque, Raabe e Elias em enganar ou esconder os fatos daqueles que não adoravam a Jeová, devem ser vistos na mesma perspectiva."
- Estudo Perspicaz das Escrituras II, 1988, p. 245 (em inglês)
"Embora a mentira maliciosa seja errada aos olhos de Jeová, ninguém é obrigado a divulgar informações verídicas a quem não tem o direito de sabê-las."
- A Sentinela de 15/12/1993, p. 25 (em português)
O dicionário de Aurélio B. de Holanda verte 'mentira' por: ato de mentir, falsidade, juízo errado, persuasão falsa. Nesse - como em outros dicionários - não encontramos a definição feita por Rutherford, em 1936, a qual condiciona a definição de 'mentira' ao mérito do ouvinte - aquele que tem ou não 'o direito' à verdade - e ao propósito da mentira. Mais tarde, a Sociedade Torre de Vigia batizou essa interpretação de "estratégia teocrática de guerra" - sugerindo que o compromisso do cristão com a verdade no cotidiano seria violável nas 'trincheiras' dessa 'guerra santa'. Assumindo a definição subjetiva feita por Rutherford há mais de 60 anos e confirmada pela Sociedade até recentemente, restaria apenas saber sobre quem recairia a responsabilidade de determinar especificamente quem tem ou não o direito de saber a verdade e quando se está no 'campo de batalha'. No caso das Testemunhas de Jeová, parece óbvio quem detém tal prerrogativa e é nisso que reside o perigo de tal doutrina. Estaria a religião tacitamente autorizando seus adeptos a mentir para proteger os interesses de sua organização central? Em caso afirmativo, em quê estariam os cristãos se distinguindo, nesse respeito, de organizações criminosas, como grupos islâmicos terroristas ou a máfia, cujos membros mentem para proteger seus interesses? Cristo - a autoridade máxima dos cristãos - falou: "Deixai simplesmente que a vossa palavra 'sim' signifique sim, e o vosso 'não', não, pois tudo o que for além disso é do iníquo." (Mateus 5:37) Caberia a alguma entidade humana redefinir esse conceito?