DEVEM OS CRISTÃOS TER UM NOME DISTINTIVO?
Odracir
"Já que você saberia por qual nome distinguir-me dos outros, eu lhe digo que eu seria, e espero ser, um Cristão; e escolho, se Deus por acaso tiver-me como merecedor, ser chamado um Cristão, um crente, ou qualquer outro nome que seja aprovado pelo Espírito santo. Quanto àqueles títulos facciosos (ou sectários) como Anabatista, Presbiteriano, Independente, ou coisa semelhante, eu concluo que eles não vieram de Antioquia nem de Jerusalém, mas do inferno e de Babilônia, pois eles tendem a divisões; você poderá conhecê-los por seus frutos." (Grifo acrescentado)
- A Sentinela de abril de 1882, pp. 7 e 8 (em inglês)
" 'Cristãos´ é o único nome pelo qual precisamos ser chamados."
- A Sentinela de março/abril de 1883, p. 458 (em inglês)
COMENTÁRIO
A postura do 'pastor' Russell com respeito à adoção de um nome distintivo não dava margem para dúvidas - tal recurso era visto como uma característica própria das seitas e 'divisões'. Contudo, após as sucessivas rupturas ocorridas no movimento durante os anos seguintes à morte de seu fundador, seu sucessor - J. F. Rutherford - achou estrategicamente apropriada a adoção de um novo nome, criado por ele próprio. Indiferente ao entendimento de seu predecessor e mestre, adotou o 'faccioso' título de "Testemunhas de Jeová" - anunciando-o perante uma platéia excitada, durante um congresso em 1931. Conforme mencionado no início desse artigo, o livro Proclamadores (p. 152) cita o escritor Chandler Sterling como tendo atribuído à ação de Rutherford - classificada por ele como "golpe de gênio - dois propósitos: 1) dar uma identidade oficial ao grupo dele e 2) criar o ensejo para os membros da religião aplicarem a si mesmos todas as passagens bíblicas que contivessem os termos 'testemunha' e 'testemunhar'. Muito embora o livro negue tais asserções, curiosamente, um exame mais detido da obra acaba por confirmar, na prática, a segunda afirmação, pois, em seus capítulos iniciais, chama todos os antigos servos de Deus - inclusive Jesus Cristo - de 'testemunhas de Jeová'. Mesmo cientes de que, historicamente, nenhum deles adotou oficialmente tal nome, os editores do livro consideram válido tal recurso, pois cumpre um propósito específico: gera, na mente do leitor, um vínculo ideológico e histórico entre o grupo atual e tais personagens bíblicos.