O PARAÍSO "EM BREVE" ADIADO
O Sentinela
O parágrafo 9, página 18, edição de 15 de julho de 1999, da revista A Sentinela, publicada pela Torre de Vigia, é mais uma pérola magnífica de hipocrisia, leviandade e cinismo que se junta a já extensa e numerosa coleção de jóias preciosas de mesmo nível produzidas pela mesma Torre de Vigia em muitas ocasiões anteriores. O parágrafo diz na íntegra:
A Sentinela 15/7/1999, página 18, parágrafo 9.Uns poucos cristãos dedicados, em algumas partes do mundo, parecem ter recolhido as velas do seu navio da fé. O navio ainda flutua, mas em vez de eles avançarem com plena fé, adotaram uma velocidade de cruzeiro. Atraídos pela esperança de "Paraíso em breve", alguns deles estavam preparados para não poupar esforços de alcançá-lo, sendo zelosos na pregação e regulares na assistência às reuniões, às assembléias e aos congressos. Achando agora que a realização das suas esperanças está mais longe do que esperavam, baixaram o preço que estão dispostos a pagar.Isto se evidencia na diminuição da atividade de pregação, na irregularidade nas reuniões, e na disposição de perder partes dos programas de assembléia ou de congressos. Outros dedicam mais tempo à recreação e a conseguir confortos materiais. Esses fatos nos levam a pensar em qual deve ser a força propulsora na vida que levamos, em harmonia com nossa dedicação a Jeová. Devia nosso zelo no seu serviço depender da nossa esperança do "Paraíso em breve"?
* Sublinhado acrescentado.
Isto é absolutamente incrível! A Torre de Vigia acusa "uns poucos cristãos dedicados" (e diga-se que, pela preocupação demonstrada, provavelmente são muitos) de terem diminuído suas atividades porque tinham e acalentavam a esperança de um "Paraíso em breve" e notaram que esta esperança não vai de forma alguma se realizar, ou pelo menos não com a brevidade antes apontada pela Torre. Portanto, a urgência deixou de existir e a necessidade de se ter um ritmo frenético de atividades também. Mas, será que estas pessoas podem ser repreendidas por tomar tal atitude?
Eles são acusados de terem sido atraídos pela esperança do "Paraíso em breve" - como se tivessem cometido um pecado gravíssimo por ter em mente esta promessa. Mas, espere um pouco! Será que estou ficando louco? Não foi a própria Torre de Vigia que durante anos à fio incentivou seus membros a trabalhar intensivamente visto que o fim estava próximo? Quantas vezes Ela, por meio das suas revistas e livros, afirmou que os dias deste "sistema de coisas" estavam findando, que os verdadeiros servos de Jeová eram aqueles que faziam o máximo tendo em vista que o tempo que restava era reduzido, que observassem o cumprimento de profecias que indicavam o estabelecimento do paraíso na terra em breve?
Livros, tais como o "A Verdade Que Conduz À Vida Eterna" e "Poderá Viver Para Sempre No Paraíso Na Terra", usados nas últimas décadas para arrebanhar novos discípulos, apontavam claramente para o estabelecimento do "Paraíso na Terra" em breve. Incontáveis artigos na Sentinela, na Despertai!, em brochuras, folhetos e tratados, todos editados pela mesmíssima Torre de Vigia, forneciam a base para esta mesma esperança. Como, então, dizer agora para os que creram no ensino, tantas vezes repetido, que é sinal de fraqueza espiritual ter acreditado que o paraíso viria em breve, quando o correto seria crer que o paraíso não estaria tão perto como imaginavam?
É cinismo puro! Primeiro, a Torre de Vigia ensina, mais do que isso, induz as Testemunhas de Jeová a depositar suas esperanças em um "Paraíso em breve" onde poderiam desfrutar dos benefícios advindos de sua fidelidade. Faz isso em detrimento da forma correta, ou seja, ensiná-los que deviam adorar e prestar serviço sagrado à Deus sem esperar reciprocidade, ou simplesmente a maneira ensinada e praticada pelos escritores da Bíblia.
A Torre de Vigia, ao contrário, sempre incentivou a esperança no paraíso, na vida eterna, fez isso de forma clara e cristalina, por milhares de vezes, afinal o próprio trabalho de pregação de casa em casa é, e sempre foi, baseado na promessa do "Paraíso em breve". Ou será que alguém pregava que todos deveriam servir à Deus sem esperar recompensa? É por este motivo que, lá pelos anos 80, a Torre aprimorou a qualidade gráfica de suas publicações, tendo investido milhões de dólares em equipamentos modernos, softwares, impressoras off-set computadorizadas, papel de qualidade superior, abandonou o uso do papel-jornal das revistas antigas que era barato mas não permitia cores atrativas. Tudo isso com o objetivo de permitir a impressão, em todas as suas literaturas, de belas ilustrações onde pessoas com aparência jovem, saudável e feliz habitam lugares aprazíveis e extremamente desejáveis para a maioria dos seres humanos. Usava este desejo natural de querer viver num lugar paradisíaco para inserir sua mensagem religiosa, sempre citando o "cumprimento de profecias" dentro deste século como chamariz, afirmando que eram provas de que esse "Paraíso" estaria estabelecido brevemente. A "Geração de 1914" era uma prova de que o final estava próximo, pois os pertencentes a ela estavam em idade avançada e teriam de ver o acontecimentos finais deste sistema de coisas conforme palavras do próprio Jesus, portanto, o "fim" estava próximo.
Nos últimos tempos, pressionada pelas datas estabelecidas por Ela própria para o final dos tempos e sabendo ser perigoso reconhecer o erro, a Torre de Vigia optou por mudar o seu direcionamento: de religião apocalíptica, baseada no medo das pessoas em relação ao julgamento divino, para uma linha mais moderada derrubando antigos conceitos e regras...