Os Traidores: O artigo na revista Der Spiegel de 19 de julho de 1961 - INDICETJ.COM Escandalo sobre Testemunhas de Jeova

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OS TRAIDORES: O ARTIGO NA REVISTA DER SPIEGEL DE 19 DE JULHO DE 1961
Mehmet Aslan, Grenzach-Wyhlen
O público na Alemanha tomou conhecimento daquilo que aconteceu durante o regime de Hitler -- incluindo o fato de que pastores espirituais abandonaram o seu rebanho para salvar a própria pele.

O artigo na revista [semanal alemã] Der Spiegel de 19 de Julho de 1961 é apenas mais uma peça de um puzzle que prova que as explicações da Parte 6 [desta série de artigos] são verdadeiras.

Certamente não é motivo de orgulho para uma associação -- e sobretudo para os seus representantes -- se numa situação de emergência eles seguirem a linha de menor resistência. E ainda mais -- isto aplica-se primariamente ao público alemão -- se isso aconteceu durante o regime de Hitler.

O artigo da revista Der Spiegel centra-se principalmente na pessoa de Erich Frost. Diz:

"[...] Frost, se sessenta anos de idade, é considerado a autoridade ideológica."

É de grande interesse na Alemanha o fato de essa "autoridade ideológica" ter cooperado com este sistema durante a era de Hitler.

O artigo refere-se aos ficheiros da Gestapo (Polícia Política Secreta) e menciona como Frost denunciou nome atrás de nome. Podemos imaginar o que aconteceu às pessoas afetadas. O regime de Hitler atacou e as pessoas detidas foram levadas -- graças à ajuda de Erich Frost -- para os campos de concentração.

Frost, porém, saiu-se razoavelmente bem; sobreviveu e tornou-se uma "autoridade ideológica" para as Testemunhas alemãs.
Que ele tenha conseguido dormir facilmente com uma consciência tranqüila depois de tudo isso, continua a ser um mistério. Segundo o artigo da revista Der Spiegel, Frost contou as suas experiências a 10.000 ouvintes durante um congresso em Hamburgo -- claro que contou do seu próprio ponto de vista. Em relação com isto, foi lançada uma edição da Wachtturm [a Sentinela em língua alemã] que conta a biografia dele.

O que realmente aconteceu -- isto é, que ele traiu os seus irmãos -- não é mencionado nessa edição da Sentinela por razões óbvias.

Scans da Revista Der Spiegel de 19 de Julho de 1961, páginas 38 e 39
- Note a tradução após as imagens -

(Dica: Posicione o mouse sobre a imagem para zoom)

página 38

página 39
Tradução:

Testemunhas de Jeová
Väterchen Frost [Paizinho Frost]

Milhares de carpinteiros, canalizadores e operários -- todos eles ajudantes voluntários não assalariados -- estão presentemente a transformar o grande local de festividades do Hamburg Municipal Park num 'Salão do Reino a céu aberto'.

Uma seita religiosa pretende reunir-se neste local ventoso -- uma seita que conta mais de 70.000 membros, mas que não consegue aparecer no mundo civilizado sem que as pessoas se riam deles ou os persigam: as Testemunhas de Jeová.

Ansiosos por fazer trabalho missionário, os sectários com sede na América proclamam que Deus tem de se justificar perante o mundo, visto que Ele permitiu que Lúcifer envenenasse os homens, os Estados políticos e as igrejas, incluindo o papa em Roma.

No salão Hanseatic, sem teto, as Testemunhas pretendem realizar uma assembléia internacional de 18 a 23 de junho [de 1961], com delegados de 50 países. Para esses dias de edificação, estão sendo colocadas 75.000 cadeiras, estão sendo levantadas tendas provisórias e estão sendo plantadas 12.000 flores.

No meio deste palco de flores, um trio vai expor-se à audiência [das Testemunhas de] Jeová, consistindo em.
  • o chefe da organização mundial, o senhor Nathan Homer Knorr, de Brooklyn (Nova Iorque)
  • o chefe da filial alemã das Testemunhas de Jeová, o 'superintendente da filial' Konrad Franke, de Wiesbaden, e
  • o antecessor de Franke, Erich Frost.

Neste triunvirato, Frost, de sessenta anos de idade, é considerado a autoridade ideológica. Ele é o chefe da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Wiesbaden, o centro espiritual das Testemunhas de Jeová alemãs, bem como o editor responsável da 'Wachtturm' [revista A Sentinela].

Entre outras coisas, o Väterchen Frost [Paizinho Frost], como é chamado entre os amigos devido à sua afabilidade, pretende usar a ocasião propícia para comemorar as 2.000 vítimas sob o regime de Hitler que são choradas pela seita.

No entanto, em ficheiros da Gestapo que foram revelados, o papel que o próprio Frost ocupou nessa altura de dificuldade para as Testemunhas de Jeová, é descrito de forma muito diferente do artigo que o músico da coffeehouse Frost publicou na 'wachtturm' [Sentinela] sob o título 'Libertação da Inquisição Totalitária pela Fé em Deus', mesmo antes da assembléia de Hamburgo.

Durante o período Nazi, quando as Testemunhas de Jeová na Alemanha apenas podiam trabalhar clandestinamente, Frost ocupava a posição de um assim chamado Reichsdiener. O Reichsdiener era o funcionário supremo dos jeovás; subordinados a ele estavam os servos de distrito perante quem os servos de circuito e locais tinham de responder.
Como os servos de Jeová se opuseram corajosamente ao Terceiro Reich e afirmaram que a Alemanha de Hitler também era o trabalho de Lúcifer, elas depararam-se com o decreto do Führer para se desmantelarem depois de 1933. Escritórios e instalações de impressão de tratados foram encerradas, o dinheiro da associação foi transferido para a organização Nazi de bem estar do povo, e toda a literatura foi confiscada.

Mas as Testemunhas não se deixaram abater por esse assédio. Quando em 1936 uma assembléia-Jeová em Lucerna [Suíça] resolveu lançar uma grande ação de [distribuição de] panfletos na Alemanha contra a proibição da seita, Frost relatou prontamente a ação. Em 12 de setembro de 1936 -- entre as 5 e as 6 da tarde -- os panfletos contendo a assim chamada Declaração de Lucerna -- 300.000 cópias ao todo -- foram colocadas nas caixas de correio e em fendas escondidas, em todas as cidades do Reich. Além disso, as Testemunhas de países estrangeiros enviaram 20.000 telegramas para 'Sua Excelência, o Sr. Hitler, Alemanha'.

Na Alemanha de Hitler bem como -- menos perigoso -- e todos os outros países, as Testemunhas de Jeová recusaram-se a prestar serviço militar -- mesmo em tempo de paz e como ajudantes médicos.
Mais ainda: os Estudantes da Bíblia alemães, que eram controlados a partir dos E.U.A. e da Checoslováquia, abstiveram-se corajosamente de saudar Hitler. A conseqüência: Muitas Testemunhas foram parar a prisões e campos de concentração durante o Terceiro Reich.

Mas mesmo depois de uma extensa onda de prisões em 1936, a organização trabalhou com precisão, visto que o corpo supremo de funcionários ainda permanecia anônimo. Isto mudou depois de, em 1937, a Gestapo ter conseguido apoderar-se do Reichsdiener Frost. Frost recorda:

"Em 21 de março [de 1937], às 2 horas da madrugada, fortes pancadas e pontapés contra a porta do apartamento. Em segundos escondi um pequeno rolo de papel no colchão da minha cama, mesmo antes de entrarem dez homens da Gestapo: 'Veste-te, Frost. A festa acabou!'"

De acordo com essa história de detenção, digna de um filme, Frost tinha nessa altura conseguido esconder da Gestapo a lista com os nomes dos seus companheiros de crença. Quando Frost mais tarde foi interrogado ele tinha reconhecido pela 'torrente irada de palavras' dos inquisidores que 'os irmãos ... não tinham caído na armadilha montada pela polícia'.
Nesse momento Frost pediu ajuda a Jeová durante dias, conforme ele agora relata na 'Wachtturm' [Sentinela], 'para que eu pudesse manter-me silencioso, para bem dos irmãos.' Nesta angústia, Frost de fato dá a impressão que resistiu aos seus inquisidores tal como 'Daniel na cova dos leões'.

No seu ficheiro de detenção No. 292 do escritório da Gestapo em Berlim, Departamento II B 2, porém, vemos que isto aconteceu de modo muito diferente. Segundo os registos dos interrogatórios, que ainda existem, assinados por Frost, o Reichsdiener-Jeová deu um relatório detalhado sobre os seus seguidores, em 2, 15, 20, 21, 24, 26, e 29 de abril de 1937.

Segundo a transcrição do interrogatório, Frost descreveu as atividades da sua organização por extenso [ou completamente], e denunciou dois locais de reunião dos seus funcionários: 'A estação Alexanderplatz em Berlim' e 'Reiche in Zeuthen-Niersdorf, Lange Str. No. 5'.

Finalmente, segundo a transcrição [do interrogatório], ele deu à Gestapo os nomes dos seus servos de distrito.

  • Arthur Nawroth (Silesia Ocidental, partes da Saxônia)
  • Otto Dauth (Berlim, Brandemburgo)
  • Fred Meier (Saxônia Ocidental, Anhalt)
  • Walter Friese (Thuringia, the Harz, Hannover)
  • Heinrich Ditschi (Schleswig-Holstein, Oldenburg, Westphalia, the Ruhr)
  • Albert Wandres (Rhineland, Baden, e Wurttemberg), e
  • Karl Siebeneichler (Baviera).

Destes funcionários, apenas Frost tinha sido preso; os outros só depois perderam a sua liberdade -- conforme Konrad Franke, o sucessor de Frost, confirma --; até se diz que o servo de distrito Siebeneichler morreu no campo de [concentração de] Sachsenhausen.

Depois de ter sido interrogado pela Gestapo, o próprio Frost recebeu autorização para mudar da sua cela para um local de trabalhos forçados em Emsland marsh, foi enviado para o Campo de [Concentração de] Sachsenhausen durante um curto período durante a guerra, e 'mais tarde ele aterrou na ilha rochosa de Alderney (ao largo da costa francesa) como [parte de uma] brigada de construção das SS.'

Nessa ilha do Canal, Frost observou, conforme escreve no seu artigo da 'wachtturm' [Sentinela], a Invasão Aliada durante uma noite estrelada.'

No fim do relatório de Frost -- na 'wachtturm' [Sentinela] dada a cada delegado da assembléia de Hamburgo, para que eles pudessem ter um melhor entendimento sobre os pensamentos frostianos -- o anterior Reichsdiener subitamente cita o jornalista sueco Björn Hallström que disse acerca das Testemunhas de Jeová sofredoras sob Hitler: 'Pela sua fé em Deus, elas conseguiram sobreviver melhor do que outras pessoas.'


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