Criada em 1233 pelo Papa Gregório 9°, a Santa Inquisição (tribunal de clérigos com o poder de acusar, julgar e condenar inimigos da Igreja) trouxe horror e desgraça à humanidade, numa era que parecia proibir as pessoas de pensar e expressar suas opiniões.
Quem ousasse questionar a autoridade do Papa e/ou a autenticidade de suas ordens, não tinha sequer o direito de se defender. Eram chamadas aos tribunais eclesiásticos para que fosse encenado um julgamento que já estava previamente decidido. Os que não se retratassem, se submetendo aos desatinos da Igreja, morriam como hereges, queimados vivos em praça pública.
Dentre os muitos que perderam a vida às mãos dos que afirmavam ser o povo de Deus estava o Mestre John Hooper (Bispo de Worcester e Gloucester).
Por não aceitar a autoridade do Papa, Mestre Hooper foi julgado e preso. Tendo passado dezoito meses no cárcere, ele escreveu:
“...fui transferido para a prisão fechada ocupando um aposento na Torre da prisão Fleet onde fui tratado com extremo rigor. Depois, graças à intervenção de uma boa senhora, tive a liberdade de poder descer na hora do almoço e do jantar. Mas não me era permitido falar com nenhum dos meus amigos. Pelo contrário, terminada a refeição, eu devia voltar ao meu aposento.Depois de pouco mais de três meses...fui tranca[do] numa cela comum... A minha cela era imunda e mal cheirosa; a cama não era mais que uma camada de palha embaixo de um lençol podre e uma fronha contendo algumas penas...Num dos lados da prisão está o esgoto e o lixo da casa, no outro, corre o fosso da cidade, de modo que o fedor do local infectou-me com várias doenças. Durante o tempo em que estive enfermo, as portas, travas, cadeados e correntes sempre ficaram fechados e trancados. Eu gemia, chamava e gritava pedindo ajuda. Mas o administrador,...dava ordens para que as portas continuassem trancadas e ninguém de seus homens viesse me ver. Fui privado de meus bens, meu meio de vida, meus amigos e meu conforto. – Sete de Janeiro de 1555.” - (O Livro dos Mártires, de John Foxe, pp 174-175)
No dia da execução do Mestre Hooper, podia-se notar um grau de crueldade, por parte dos religiosos, peculiar aos demônios.
“Durante todo esse tempo suas partes inferiores iam queimando; a lenha era tão pouca que a chama não ardia forte nas partes superiores. Depois de um curto tempo um terceiro fogo foi aceso, mais poderoso que os outros dois. Quando sua boca ficou preta e a língua inchada e ele já não conseguia falar, seus lábios ainda se movimentaram até que se retraíram descobrindo-lhe as gengivas. Então batia com as mãos no peito até que um dos braços caiu e ele continuou batendo com o outro. Nesse ponto, a gordura, o líquido e o sangue pingavam da ponta dos dedos, até que , renovado o fogo, sua força se exauriu e, ao bater, sua mão colou-se firme à argola de ferro sobre seu peito. Assim, ele ficou no fogo por três quartos de hora ou mais.”– (O Livro dos Mártires, de John Foxe, p 186)
O exemplo deste homem piedoso é apenas uma amostra do sofrimento gratuito imposto pela Inquisição.
Mas porquê se preocupar com tais coisas, visto que aconteceram há tantos séculos?
Toda a crueldade sofrida por Mestre Hooper ocorreu no século XVI, mas nós em pleno século XXI temos motivos de sobra para nos preocuparmos com a maneira usada por algumas religiões no julgamento de membros.
É possível ver que a Inquisição resiste, incólume, nos dias atuais numa roupagem menos agressiva aos olhos. Esta releitura da Inquisição foi feita, e é hoje usada, pela Organização Religiosa conhecida como Testemunhas de Jeová.
As Testemunhas de Jeová são dirigidas por um grupo de 09 homens que compõem o Corpo Governante. É o Corpo Governante quem decide como devem viver os mais de 6 milhões de membros em todo o mundo.
Tal como acontece no Catolicismo em relação ao Papa, entre as Testemunhas de Jeová o Corpo Governante constitui autoridade inquestionável. Suas decisões são encaradas como vindas diretamente de Deus. Questionar o “papa jeovista” seria o mesmo que questionar o próprio Deus, na visão dos membros.
A política interna é rígida. O que impera nesta religião é o legalismo, a arbitrariedade e a insensibilidade no que tange ao tratamento dispensado aos que transgridem o código de normas da Organização.
Não concordar com qualquer das orientações procedentes do Corpo Governante e compartilhar isso com outros é motivo para a formação imediata de uma Comissão Judicativa (nome que se dá ao tribunal eclesiástico composto por 03 juízes (anciãos) ou mais) para tratar da acusação de apostasia. Digno de nota é o fato de que tais reuniões são feitas em secreto, às portas fechadas.
O “herege” é assim interrogado e exortado a abandonar seu conceito duvidoso e se submeter humildemente à disciplina de “Jeová” por meio de seus representantes.
Se houver “arrependimento”, a pessoa sofrerá restrições na Congregação, ficando em observação e poderá sofrer uma ‘repreensão judicativa’, ocasião em que é feito um discurso à Congregação alertando acerca da influência corrosiva de falsos ensinos e idéias apostatas que aparentemente estão se infiltrando (isso é feito sem mencionar o nome do “errante”, o possível apóstata).
Ler um livro de outra religião e/ou acessar páginas na internet criadas por ex-membros, também resulta na formação de uma Comissão Judicativa. Caso não haja “arrependimento”, a pessoa acusada de apostasia passará por uma disciplina mais severa, desumana seria a palavra mais apropriada.
Sofrerá a EXCOMUNHÃO, que as Testemunhas de Jeová chamam de DESASSOCIAÇÃO. Aparentemente, uma disciplina normal no âmbito religioso. No entanto, a DESASSOCIAÇÃO é uma das piores torturas que alguém pode experimentar. A releitura da Inquisição, feita pelas Testemunhas de Jeová, pôs de lado a tortura física e apelou para a tortura psico-emocional.
Tendo sido doutrinada a não fazer amizade fora do seu meio religioso, o indivíduo se vê diante de uma situação emocionalmente desesperadora, visto que a desassociação o impede de manter contato com qualquer que se chame irmão, na fé. Um simples “oi”, como forma de cumprimento, é proibido; cartas, telefonemas, e-mails, contato visual, uma visita quando enfermo, nada é permitido. Se a família imediata fizer parte do rol de membros da religião jeovista, a situação fica pior.
Digamos que a pessoa punida more com os pais; se for maior de idade deverá ser colocada para fora de casa. Se já vive de forma independente, os pais deverão evitar receber em casa o filho ou filha que sofreu a pena máxima do código penal jeovista.
As crianças são ensinadas a encarar uma pessoa desassociada como se não existisse, o que gera preconceito e sentimento de superioridade. Às vezes o indivíduo perde até mesmo o emprego, se o patrão for membro da religião. Perde-se a auto-estima, a dignidade, a vontade de viver e tudo o que possa dar sustentação emocional. A DESASSOCIAÇÃO é um muro de isolamento religioso, social e familiar.
A desagregação familiar acaba sendo endossada pelo Corpo Governante; pais contra filhos e filhos contra pais, tudo para preservar os interesses de uma entidade humana. Proibir seus membros de visitar pais, parentes e amigos, mesmo que seja para cumprimentá-los, estando eles fora das fileiras das Testemunhas de Jeová é o cruel e insensível ato dessa organização.
Tais métodos de tortura, modernos, são um meio eficaz de fazer a pessoa retornar ao seio da religião. Não poder conversar com os membros ativos da Congregação possibilita ao Corpo Governante continuar exercendo controle e manipulando a mente de cada um que se torna Testemunha de Jeová.
As Testemunhas de Jeová não ferem apenas os direitos individuais daquele(a) que ousou questionar o todo-poderoso Corpo Governante, fere também os direitos constitucionais que nos foram conferidos pela Lei do país onde vivemos.
Até mesmo ler a Bíblia sem a intervenção da Organização lhes é privado o direito.
Raymond Franz foi representante por tempo integral das Testemunhas de Jeová por quase 40 anos, tendo passado 15 destes na sede internacional e, desses, os nove anos finais como membro do Corpo Governante Mundial das Testemunhas de Jeová.
Observe as palavras deste membro importante da Organização que não mais vive preso aos grilhões do mundo jeovista:
“Os métodos empregados regularmente pelas Comissões Judicativas compostas de anciãos seriam considerados indignos dos sistemas judiciários de qualquer país esclarecido. A mesma prática de ocultar informações criticamente importantes (como os nomes das testemunhas hostis), como também de usar informantes anônimos e táticas similares, descritas pelo historiador Paul Johnson como empregadas na Inquisição, têm sido usadas com grande freqüência por estes homens ao lidarem com os que não estão totalmente de acordo com o “canal”, com “a organização”. O que se dava então de fato, na história, é verdadeiro hoje na vasta maioria dos casos, conforme o expressa Johnson: ‘O objetivo era, simplesmente, arrancar confissões de culpa a qualquer custo; somente dessa maneira, pensava-se, a heresia poderia ser contida’.” – (Raymond Franz em seu livro Crise de Consciência, pág. 412)
Uma seita altamente perigosa para a preservação da instituição familiar; é isso que as Testemunhas de Jeová são!
“Como na Inquisição”, diz Raymond Franz, “todos os direitos estavam nas mãos dos inquisidores, os acusados não tinham nenhum. Os investigadores achavam que tinham o direito de fazer qualquer pergunta e, ao mesmo tempo, de recusar-se a responder às perguntas que lhes eram formuladas. Insistiam em manter seus procedimentos judicativos em segredo, completamente longe da vista de qualquer outra pessoa e, no entanto, reivindicavam o direito de investigar as conversas particulares e as atividades daqueles a quem interrogavam...”. – (Crise de Consciência, pág. 324)
Representantes da Organização informaram recentemente em discursos que têm registros de jovens que “caíram” da fé por se envolverem com a internet. Isso sugere que estão investigando a rede mundial em busca de pessoa que acessam páginas com informações sobre a religião. Invasão de privacidade! Desrespeito para com o cristianismo!
Pessoas são seguidas, membros que se destacam são escolhidos para se infiltrar em festas para vigiar os “irmãos” que ali estiverem se divertindo, outros são infiltrados em grupos de estudo congregacionais quando há suspeitas de que “idéias estranhas” estão sendo divulgadas, telefonemas no meio da noite são feitos para investigar com quem você anda e sobre o quê têm conversado, enfim...
A Inquisição ressurgiu com grande força, mas o trabalho de manipulação é tão eficiente que os membros não se dão conta da enorme palhaçada em que estão envolvidos; são levados a crer que estão sendo dirigidos por Deus, Jeová.
Sem dúvida, a ignorância é o grande mal que assola a humanidade desde o seu surgimento. Pior que a ignorância gritante é a canalhice daqueles que se acham os “barões do conhecimento”, os “senhores feudais” da consciência alheia. Enquanto houver o controle sobre as massas, por parte de homens desequilibrados, verdadeiros lobos em pele de ovelha, o mundo não dará um passo em direção à harmonia entre os povos.
Ser cristão é algo sublime, agradável e revigorante! Em Mateus 11:28-30, o fundador do cristianismo, Jesus Cristo torna claro o verdadeiro papel do modo de vida cristão.
O que o Império Religioso fez no passado é assombroso e em nenhum momento se assemelha ao modelo deixado por Jesus.
Do mesmo modo, hoje, religiões como as Testemunhas de Jeová continuam impedindo que as pessoas se unam num laço fraterno de amor e compreensão. As Testemunhas de Jeová vivem um mundo de medo, sendo vigiadas em tudo que fazem. O terror psicológico entre aqueles que sofreram a pena máxima do código jeovista, de fato, nos lembra os horrores da Idade Média.
Do mesmo modo, hoje, religiões como as Testemunhas de Jeová continuam impedindo que as pessoas se unam num laço fraterno de amor e compreensão. As Testemunhas de Jeová vivem um mundo de medo, sendo vigiadas em tudo que fazem. O terror psicológico entre aqueles que sofreram a pena máxima do código jeovista, de fato, nos lembra os horrores da Idade Média.
"Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa,
então realmente somos um grupo muito desprezível".
Albert Einstein.