O USO DE ADORNOS ERA ALGO COSTUMEIRO ENTRE O POVO DE DEUS
ÊXODO 32:2, 3
2 E Arão lhes disse: Arrancai os pendentes de ouro que estão nas orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas e trazei-mos.
3 Então, todo o povo arrancou os pendentes de ouro que estavam nas suas orelhas e os trouxeram a Arão.
— Almeida Revista e Corrigida.
ANÁLISE
Note que o texto fala sobre "pendentes". ("argolas de ouro", na Nova Almeida Atualizada, e "brincos de ouro", na Nova Versão Internacional) Onde estavam estes pendentes? Estavam nas orelhas do povo. Note que eles já usavam os enfeites.
Então, o que Arão disse ao povo? “Arrancai os pendentes de ouro.”
Por que ele pediu isso? Será que Deus havia mudado de ideia e agora o uso de pendentes seria errado, exigindo que fossem retirados? De jeito nenhum! Não era por serem inadequados — e nem mesmo o ato de arrancá-los foi uma ordem do SENHOR.
Na ocasião, Deus havia pedido a Moisés que subisse ao monte. Ele obedeceu a Deus e ficou muitos dias no monte. Enquanto isso, Arão ficou no lugar de Moisés. O tempo passava... e Moisés não voltava. Muitos do povo começaram a se cansar da espera e pediram que Arão fizesse um deus para guiá-los. O versículo 4 explica o que Arão fez com os pendentes do povo:
"e ele os tomou das suas mãos, e formou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição..."

Pois é! Arão "arrancou os pendentes de ouro" — que o povo já usava no seu dia a dia — para servir de material para se fazer um "bezerro de fundição" ou ídolo - algo que era muito errado. — Salmo 106:19, 20.
ÊXODO 33:4-6
4 E, ouvindo o povo esta má notícia, entristeceram-se, e nenhum deles pôs sobre si os seus atavios.
5 Porquanto o SENHOR tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: Povo obstinado és: se um momento eu subir no meio de ti, te consumirei; porém agora tira de ti os teus atavios, para que eu saiba o que te hei de fazer.
6 Então, os filhos de Israel se despojaram dos seus atavios, ao pé do monte Horebe.
— Almeida Revista e Corrigida.
ANÁLISE
O MOTIVO DO PESAR: A "má notícia" que moveu o povo a não "pôr sobre si os seus atavios", não foi a descoberta que ornamentos desagradavam a Deus. Foi saber que, por causa da adoração a outro deus, sim, por causa do bezerro de ouro, Deus anunciou que um anjo ocuparia o lugar de Moisés na jornada à terra prometida (versículos 1 a 3).
SIMBOLISMO DOS ENFEITES: Devido a idolatria praticada pelo povo, Deus estabeleceu um tempo de muito pesar e tristeza para aquela nação. No pesar, costumeiramente se removiam os enfeites. Nada indica aqui que ornamentos, em si mesmo, são abomináveis a Deus. Quando se "tirava" os enfeites, significava tristeza. Quando se colocava adornos, significava bênçãos. - Isaías 61:10; Apocalipse 21:1-2.
CONTINUIDADE DO USO: Portanto, as palavras "tira de ti os teus atavios" não significava que os enfeites deveriam ser destruídos. E, realmente, não era esse o objetivo. Que os israelitas mantiveram os enfeites e os usaram em tempos de progresso espiritual pode ser notado no lamento do rei Davi pela morte de Saul, que vestiu as donzelas "de escarlata em delícias, que vos fazia trazer ornamentos de ouro sobre as vossas vestes." (2 Samuel 1:24) Veja a consideração a seguir.
2 SAMUEL 1:23, 24
23 Saul e Jônatas, tão amados e queridos na sua vida...
24 Vós, filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia de escarlata em delícias, que vos fazia trazer ornamentos ["adornos", na Almeida Revista e Atualizada] de ouro sobre as vossas vestes.
— Almeida Revista e Corrigida.
ANÁLISE
Estas palavras são parte do pranto de Davi pela morte de Saul e Jônatas. As "filhas de Israel" eram embelezadas com adornos ou "ornamentos de ouro". Na Bíblia Viva, o versículo 24 é traduzido assim: "Mas agora, ó mulheres de Israel, chorem por Saul; ele enriqueceu vocês com finas roupas e ornamentos dourados."
O rei Davi - servo de Deus - certamente não estava incentivando às mulheres que chorassem por pessoas más que lhes haviam desencaminhado por dar-lhes enfeites, estaria? Não! Pelo contrário, o rei Davi os exaltava pelas coisas boas que faziam para o povo em geral. Assim, notamos que usar joias era algo costumeiro entre o povo, e era aceito por Deus.
Isso desmistifica a ideia de que os adornos são inerentemente maus. Como vimos, a remoção deles em outras ocasiões bíblicas não foi uma proibição, mas um sinal de luto e tristeza. O lamento de Davi por Saul é a prova final de que usar joias pode ser um simples ato de beleza e que o povo de Deus continuou a fazê-lo.
JÓ 42:11
Então vieram a ele todos os seus irmãos, todas as suas irmãs e todos os que o haviam conhecido antes, e comeram com ele em sua casa. E se condoeram dele, e o consolaram por todo o mal que o Senhor tinha enviado sobre ele. E cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro.
— Nova Almeida Atualizada.

ANÁLISE
Imagine a cena: Após perder tudo, o fiel Jó finalmente recebe o carinho de sua família e amigos. Eles se reúnem com um único propósito — "se condoerem dele e o consolarem". É em meio a essa demonstração de compaixão que cada um lhe oferece um precioso presente: um anel de ouro.
Ora, se tais adornos fossem inapropriados ou errados, não concorda que "todos os seus irmãos, todas as suas irmãs" e os demais estariam entristecendo ainda mais a Jó e, pior, ofendendo a Deus por terem a audácia de darem algo pecaminoso? Se a joia fosse um símbolo de algo errado, todos os irmãos, irmãs e amigos de Jó estariam, na verdade, ofendendo a Deus e adicionando ainda mais dor a um homem que já havia sofrido imensamente.
Todavia, Jó não se entristeceu pois o uso deles não era algo condenado pelo SENHOR. E Deus também não se aborreceu. Em resultado, como é dito no versículo 12, Jó foi "abençoado" por Deus!
Isso nos mostra uma verdade importante: o problema nunca esteve nos adornos em si, mas na atitude do coração.
GÊNESIS 41:42
Em seguida o faraó tirou do dedo o seu anel de selar e o colocou no dedo de José. Mandou-o vestir linho fino e colocou uma corrente de ouro ("colar de ouro", na Almeida Revista e Atualizada) em seu pescoço.
— Nova Versão Internacional.
DANIEL 5:29
Então, por ordem de Belsazar, vestiram Daniel com um manto vermelho, puseram-lhe uma corrente de ouro ("corrente de ouro", na Nova Almeida Atualizada) no pescoço, e o proclamaram o terceiro em importância no governo do reino.
— Nova Versão Internacional.
ANÁLISE
Os textos acima citam Daniel e José. Eles eram servos de Deus? Sim! Tanto Daniel como José receberam e aceitaram usar "anel" e "corrente de ouro". O que isso nos ensina? Ensina que eles eram favoráveis ao uso de joias. E não perderam a proteção do SENHOR pelo uso de tais objetos. Pelo contrário, Deus se agradou do acontecido.
RESUMO
O resumo dos pontos-chave é o seguinte:
- O uso dos adornos: O texto mostra que o povo de Israel já usava "pendentes de ouro" em suas orelhas. O ato de Arão de removê-los não foi uma ordem de Deus, mas um meio de obter material para o ídolo. A proibição veio em um momento posterior, mas como sinal de luto pela idolatria, não por condenação ao uso em si.
- Aprovação Divina: Diversas passagens bíblicas confirmam que o uso de joias não era visto como pecado. Os fiéis servos de Deus, como José e Daniel, receberam e usaram anéis e correntes de ouro como símbolos de honra e autoridade, sem perder o favor de Deus.
- Exemplos de Davi e Jó: O rei Davi, um homem segundo o coração de Deus, elogiou Saul por adornar as mulheres de Israel com joias. De forma semelhante, os amigos de Jó o presentearam com anéis de ouro como um ato de consolo, o que não foi considerado uma ofensa.
- A atitude do coração: A conclusão de todas as análises é que o problema nunca esteve nos adornos em si, mas na atitude do coração da pessoa. A Bíblia adverte contra a vaidade e a idolatria, não contra o objeto.