Ex-Testemunha de Jeová
Jesus transformou água em vinho alcoólico!
O apóstolo João registrou em seu evangelho que Jesus transformou milagrosamente água em vinho, numa festa de "bodas" (casamento). Nossa investigação procura saber se a bebida em questão era vinho alcoólico ou simplesmente suco de uva não fermentado. Primeiro, caro leitor, é fundamental conhecer o relato completo. Leia com atenção. Repare também nos destaques em amarelo.
JOÃO 2
01. No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava ali.
02. Jesus e seus discípulos também foram convidados.
03. Tendo acabado o vinho (oinos), a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho (oinos)”.
04. Jesus lhe disse: “Mulher, em que essa tua preocupação tem a ver comigo? Ainda não é chegada a minha hora”.
05. Sua mãe disse aos serviçais: “Seja o que for que Ele vos pedir, fazei”.
06. Estavam ali seis jarros de pedra, que os judeus usavam para as purificações, e cada um levava duas ou três metretas.
07. Jesus disse aos serviçais: “Enchei os jarros com água”. E os encheram até à borda.
08. Então lhes disse: “Tirai agora, um pouco, e levai ao mestre-sala”. Eles assim o fizeram.
09. Quando o mestre-sala provou a água transformada em vinho (oinos) , não sabendo donde viera, embora o soubessem os serviçais que tiraram a água, chamou o noivo
10. e lhe disse: “Todo homem serve primeiro o bom vinho (oinos) e, depois que os convidados já beberam bastante, o vinho (oinos) inferior é servido; tu, entretanto, guardaste o bom vinho até agora”.
11. Com esse, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
— King James Atualizada, 1999.
O grego usa apenas a palavra οἶνον para a bebida citada na ocasião a festa. Neste estudo usaremos a transliteração da palavra por oinos. Sabe o que estava palavra significa? Oinos refere-se basicamente a vinho com avançada ou completa fermentação alcoólica, embora possa aplicar-se a bebida desde o início do processo de fermentação. — Para detalhes sobre oinos, use o menu Palavras Bíblicas — Conheça o significado.
Contudo, alguns usam versículos ricos em simbolismos como Apocalipse 6:6 e 19:15 — e até mesmo citações fora das Escrituras — na tentativa desesperada de alargar o significado de oinos para que inclua a ideia de suco de uva não-fermentado. Mas, para nós, leitores, isso não será um problema. Por que não? Mesmo que também pudesse se referir ao vinho sem álcool, certas informações do próprio contexto das bodas fornecem claras indicações de que o vinho milagroso era realmente inebriante. Quais são estas indicações?
A seguir, considere atentamente três evidências.
1ª EVIDÊNCIA DE
VINHO ALCOÓLICO
JOÃO 2
9 E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (oinos)
(não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água),
chamou o mestre-sala ao esposo.
— Almeida Revista Corrigida, 1995.
Jesus sabia que havia ali alguém à serviço como "mestre-sala" (talvez, um tipo de enólogo, conhecedor de vinhos). Em conformidade com isso, João afirma que o "mestre-sala provou a água feita vinho (oinos)". Não há registro de existir provadores de suco de uvas em festas de casamento, mas sim provadores de vinho fermentado.
Mesmo nos dias atuais, o profissional enólogo (mestre-sala) tem qualificações para atestar a qualidade dos vinhos alcoólicos. E, até hoje, não há a profissão de provador de suco de uva... Consequentemente, o próprio Jesus requisitar o SERVIÇO ESPECIAL de tal homem qualificado sugere vinho alcoólico.
2ª EVIDÊNCIA DE
VINHO ALCOÓLICO
JOÃO 2
10 E disse-lhe: Todo homem põe primeiro o vinho (oinos) bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior;
mas tu guardaste até agora o bom vinho (oinos).
— Almeida Revista Corrigida, 1995.
Note este versículo direto do grego:
Como poderá notar no trecho sublinhado em amarelo, o texto grego não diferencia os vinhos oferecidos na festa. Quanto ao tipo de bebida, tanto o vinho que se "põe primeiro" bem como o vinho produzido por Jesus foram igualmente classificados pelo escritor inspirado como "oinos". A diferenciação do tipo de bebida — entre a primeira e a segunda — é feita apenas por religiosos contrários à bebida alcoólica. Simples assim.
A bebida feita por Jesus foi classificada pelo "mestre-sala" como "bom vinho". O que revela o significado desta expressão? Bem, se esta expressão fosse sinônima de inocente suco de uva não-fermentado, inutilizaria o artifício de servir vinho "bom" antes do "inferior" posto que seria fácil para aquele que tivesse "bebido bem" de tal suco não inebriante identificar quando a bebida "inferior" fosse servida. Portanto, pelo próprio contexto imediato do versículo, "bom vinho" indica bebida alcoólica pois “beber bem” dela entorpeceria o paladar dificultando perceber quando se bebesse do vinho “inferior”.
Após tomar alguns copos de suco de uva Superbom, saberia a diferença quando tomasse Tang de uva?
Se na festa de casamento se tratasse de suco de uva, seria inteligência crer que os convidados NÃO soubessem diferenciar a qualidade deles?
Alguém que tivesse "bebido bem" do bom suco de uvas 100% integral de garrafa (sem adição de água, açúcar, conservantes ou corantes), imediatamente saberia quando tomasse o "inferior", feito de concentrado em pó vendido em supermercados, padarias e delicatessens... E, você, não sabe diferenciar um do outro?
3ª EVIDÊNCIA DE
VINHO ALCOÓLICO
JOÃO 2
10 E disse-lhe: Todo homem põe primeiro o vinho (oinos) bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior;
mas tu guardaste até agora o bom (kalós) vinho (oinos).
— Almeida Revista Corrigida, 1995.
O mestre-sala classificou a bebida feita por Jesus como "bom vinho". O escritor bíblico disse que era "oinos" — assim como a outra bebida. A pergunta fatal é: Temos indicação bíblica de que "bom vinho" provocasse um estado inebriante? Sim! Para o desagrado dos defensores do vinho não-fermentado, Cantares de Salomão 7:9 revela que “bom (ṭôwb) vinho (yayin)" é algo mais do que inocentes uvas espremidas pois "faz com que falem os lábios dos que dormem." Por outro lado, em toda a Bíblia, não existe um único texto bíblico sugerindo sequer que "bom vinho" não embriagaria, se tomado em excesso.
A palavra "ṭôwb" (טוֹב) no hebraico significa “bom” ou “notável”. A equivalente no grego é “καλός” (kalos), que também pode ser traduzida como “bom” ou “excelente”.
GREGO → Strong 2570 → kalós
HEBRAICO → Strong H2896 → tôwb
Analise como diferentes versões traduzem este mesmo versículo. Elas usam as palavras “bom” ou “melhor” para descrever o vinho. Todas apontam para sua capacidade de relaxar.
E a sua boca como o melhor vinho… vinho que flui suavemente para o meu amado, escorrendo suavemente sobre os lábios de quem já vai adormecendo.
— Nova Versão Internacional, 2001.
E o teu paladar, como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente e faz com que falem os lábios dos que dormem.
— Almeida Revista e Corrigida, 1995.
E a tua boca como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e faz com que falem os lábios dos que dormem.
— Almeida Corrigida Fiel, 2011.
Que os seus beijos sejam como o melhor vinho, suave e doce, o vinho que faz acordar e falar os que estão dormindo
— Bíblia Viva, 2017.
RESPONDENDO A OBJEÇÕES
1) E SE ALGUÉM DISSER —
"Se Jesus tivesse feito vinho alcoólico, ele estaria incentivando a embriaguez. Naquele tempo, as festas de casamento poderiam durar vários dias. Se o vinho servido fosse alcoólico, vários convidados que tivessem dele 'bebido bem' (versículo 10) já estariam completamente bêbados! Neste caso Jesus não faria mais vinho inebriante para dar de beber aos bêbados... Jesus jamais incentivou os pecados do homem, tampouco contribuiu para eles. Portanto, parece claro que esse vinho era do tipo não alcoólico."
Ora, o mesmo poderíamos perguntar: Se, como querem fazer crer, a expressão "bebido bem" indica exagero no beber, estaria Jesus incentivando os pecados do homem, contribuindo com o abuso de suco de uva, com a imoderação no beber?
Que ideia se quer transmitir com a expressão "bebido bem"? A Bíblia de Estudo Pentecostal, página 1572, afirma que "a expressão 'bebido bem' provém da palavra grega methusko, que tem dois significados: (1) estar ou ficar bêbado, e (2) estar farto ou satisfeito (sem referência à embriaguez). Aqui devemos entender methusko como o segundo destes dois significados." Concordemente, tanto a Almeida Revista e Atualizada como a Almeida Corrigida rezam: "beberam fartamente". A Nova Versão Internacional diz: “beberam bastante”. A Bíblia Viva parafraseia: "todo mundo está satisfeito".
Portanto, a expressão "bebido bem" não garante que os presentes à recepção manifestaram exagero ou abuso de bebida alcoólica, tampouco prova que o vinho servido não era inebriante. (“Fartar-se” de algo não indica necessariamente excesso ou gulodice. Veja Deuteronômio 14:29; Salmos 22:26; Jeremias 31:14.)
De certo, segundo as tradições judaicas, as festas de casamento poderiam durar vários dias (Juízes 14:12, diz que as bodas de Sansão durou "sete dias".). Todavia, arrazoar que os convidados estariam completamente bêbados é julgar desfavoravelmente àquelas pessoas. E, infelizmente, esse é o ponto que chegam os que são contra a bebida alcoólica: acusar ou supor que "vários convidados" estariam "completamente bêbados"! Ora, seria impossível o bom uso do vinho?! Claro que seria possível! Maria não solicitaria mais vinho caso os convidados manifestassem imoderação no beber, não é mesmo? Afinal, não se requeria dos convidados aceitar bebida ou comida toda vez que fosse oferecida! Tampouco eram forçados a permanecer todos os dias na festa bebendo até cair. — Eclesiastes 10:15.
Pelo que fez naquela festa, Jesus "manifestou a sua glória". (João 2:11) A glória, neste caso, refere-se a uma impressionante evidência do poder milagroso que identificava a Jesus como o prometido Messias. Teria ele escolhido esta ocasião para isso, se a festa tivesse sido desordeira e descontrolada? É evidente que Jesus, seus discípulos e sua mãe não estariam permanecido em uma reunião social junto à beberrões, estariam? Não tenha dúvidas de que o padrão ali era a cautela no beber. Quão melhor é não fazermos julgamentos condenatórios precipitados!
Os convidados daquela festa bebiam de modo sábio, com moderação. Assim como o mestre-sala, os convidados estavam sóbrios para notar a diferença entre a primeira bebida e o vinho excelente produzido por Jesus — e se alegrarem muitíssimo com o ocorrido!
2) E SE ALGUÉM DISSER —
"Na festa de casamento, apenas o primeiro vinho era alcoólico. O feito por Jesus era o legítimo suco de uva."
De onde alguém tiraria essa ideia? Como vimos antes, o contexto sugere que ambos os vinhos servidos eram alcoólicos. Tratava-se do mesmo tipo de vinho. Nem mesmo numa ocasião importantíssima como esta — o primeiro milagre de Jesus — o escritor João esforçou-se em usar um termo grego que diferenciasse o vinho do noivo do vinho de Jesus. Ele poderia usar uma palavra que equivalesse exclusivamente a suco de uva não fermentado tal como "trudz". O fato é: divinamente inspirado, João não fez diferenciação entre o tipo de vinho do noivo e o do vinho milagroso — pois escreveu que ambos eram "oinos" (versículos 3 e 9). Deveríamos nós diferenciá-los?
A Bíblia de Estudo Almeida, página 140, diz sobre João 2:1: "Talvez Maria estivesse ajudando a servir (vs. 3-5), já que, em tais ocasiões, somente os homens participavam do banquete formal." Se apenas o vinho provido pelo noivo fosse fermentado, Maria oferecia inicialmente vinho alcoólico aos convidados e só posteriormente o vinho não alcoólico... Isso é inaceitável para os que defendem arduamente que apenas o vinho milagroso era puro suco de uva.
3) E SE ALGUÉM DISSER —
“Creio firmemente que era suco, não bebida alcoólica, porque Jesus o fez instantaneamente, na hora. Naquela época, o vinho era inicialmente suco e só depois de envelhecer e fermentar se tornava alcoólico.”
Como que sob um véu escuro no entendimento, os que defendem apenas o suco de uvas colocam LIMITAÇÃO na atividade miraculosa de Jesus. Por que? Porque tolamente dizem que Jesus era OBRIGADO a seguir todas as etapas de como o vinho daquela época era produzido.
Mas, leitor, que autoridade temos para dizer como Jesus deveria ter feito seu milagre? Não somos nada, não é mesmo? Porém, os que "creem firmemente" que Jesus TERIA que seguir as etapas de produção humana para transformar a água em vinho acham ter alguma autoridade...
Ora, pense bem, o que seria mais milagroso: Transformar água em suco de uva ou antecipar todo o processo de envelhecimento e de fermentação e criar vinho fermentado da melhor qualidade? É óbvio que transformar água em vinho alcoólico "na hora" seria bem mais milagroso, bem mais espantoso!
Talvez lembre do milagre de Jesus que, de alguns pães e peixes, alimentou uma multidão. — João 6:9-11.
"Crer firmemente" que Jesus só poderia ter transformado água em suco de uva, pois demoraria muito tempo para ter o vinho fermentado, é tão inteligente quanto dizer que, no caso do milagre dos pães e peixes, Jesus só distribuiu farinha e peixe cru pois demoraria muito tempo para o pão e o peixe assarem... Que tolice! Em ambos os milagres, Jesus fez tanto o vinho como o pão completos! — João 6:11-13.
Se você não bebe de forma alguma, será que procura agir em harmonia com a orientação abaixo?
ROMANOS 14:3
"... O que não come (ou bebe) não julgue o que come (ou bebe); porque Deus o recebeu por seu."
Pense nisso: Na festa de casamento onde Jesus compareceu também havia comida, não havia? Sim, havia. E havia mais quantidade de comida do que havia de bebida pois não faltou comida. Sendo assim, seria inteligente dizer isso a respeito dos convidados: “Caso estivessem comendo, estariam já todos se tornado comilões ou glutões”? Novamente, isso seria desmoralizá-los. Seria julgá-los duramente — sem levar em consideração as circunstâncias.
Bom lembrar também que, no caso do milagre dos pães e peixes, o relato diz que todos comeram à vontade e, quando estavam satisfeitos, Jesus mandou juntar as sobras: 12 cestos com pães e peixes. (João 6:11-13.) Se formos aplicar o mesmo raciocínio da objeção, então deveríamos crer que Jesus estaria incentivando o pecado da glutonaria e contribuído para isso!
Assim como o vinho alcoólico produzido por Jesus embriagaria os descontrolados no beber, assim também os pães e peixes poderiam sustentar a gulodice dos abusados. Em ambos os relatos, Jesus não seria culpado pela glutonaria ou a embriaguez de outrem pois cada um prestará contas de si mesmo a Deus. Isso foi assim no passado e continua sendo assim nos dias de hoje. Simples assim. — Lucas 21:34, 35; Romanos 14:12.
Quantos litros fez Jesus?
João 2:6, 7 indica que foram cheias até em cima seis talhas de pedra — cada uma com capacidade de duas ou três metretas. A Bíblia de Estudo Almeida, na nota ao pé da página sobre João 2:6, comenta que a "metreta, medida grega, equivalia provavelmente a uns 22 litros. Segundo outros, equivalia a uns 40 litros". Se usarmos a medida menor, as seis talhas de água continham 264 a 396 litros, ou cerca de 70 a 105 galões.
É possível que centenas de pessoas estivessem presentes, do contrário Jesus não teria achado necessário produzir tanto vinho. Contudo, em outras ocasiões em que serviu como provisor milagroso, Jesus não proveu apenas o mínimo necessário. Quando ele multiplicou pães e peixinhos para alimentar 4.000 homens, além de mulheres e crianças, as sobras encheram “sete cestos cheios de pedaços", cestos de junco suficientemente grandes para conter um homem [Mateus 15:32-38; Atos 9:25].
Similarmente, pode muito bem ter acontecido que no fim da festa em Caná houvesse amplo suprimento de vinho para uso futuro, sendo o vinho uma bebida comum às refeições. Isto teria destacado que Jesus era generoso, como seu Pai é. — Atos 14:17; compare com Mateus 14:14-21.